Dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira em alta de 0,10%

Dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira em alta de 0,10%

Moeda teve pouca variação ao longo da semana

AE

Ibovespa terminou dia nos 103.875,66 pontos

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Com os mercados de ações em Nova York e de Treasuries fechados, em razão do feriado do Dia de Ação de Graças nos EUA, a liquidez foi bem reduzida e as oscilações, contidas, de pouco mais de dois centavos entre a mínima (R$ 4,8869), pela manhã, e a máxima (R$ 4,9074), à tarde. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para dezembro movimentou menos de US$5 bilhões.

No exterior, o índice DXY - termômetro do comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis pares - operou em leve queda, na faixa dos 103,700 pontos, em razão, sobretudo, da recuperação do euro. Em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, o dólar apresentou comportamento misto.

Na agenda de indicadores, os índices de gerente de compras (PMIs) da zona do euro de outubro, embora ainda indiquem contração da atividade, vieram melhores que o esperado por analistas. Na ata do encontro mais recente de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), dirigentes da instituição decidiram "deixar a porta aberta para uma possível nova subida das taxas", embora esse não seja seu plano de voo principal.

Na ausência de indicadores domésticos relevantes, investidores monitoram o andamento da agenda econômica em Brasília. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), afirmou hoje que os projetos de lei de fundos offshore e de fundos exclusivos devem ser votados na Câmara dos Deputados na próxima terça-feira, 28. Segundo Randolfe, a estimativa do governo com esses PLs é arrecadar de R$20 bilhões a R$25 bilhões por ano. Outra medida para ampliar a arrecadação, o PL das apostas esportivas, deve ir ao plenário na quarta-feira, 29, disse o líder do governo.

O head de câmbio da Nova Futura Investimentos, Luis Guilherme, ressalta que as questões fiscais internas podem voltar a ganhar mais relevância na formação da taxa de câmbio com a consolidação da perspectiva de que o Federal Reserve não vai mais subir a taxa de juros e pode iniciar um movimento de corte ainda no primeiro semestre de 2024. "Antes, havia uma preocupação com o fato de o Fed ainda estar subindo os juros enquanto aqui o Banco Central reduzia a taxa Selic. Agora, com juro estável lá e possível queda no ano que vem, isso já não preocupa tanto e os holofotes se voltam para a nossa questão fiscal", afirma Guilherme, ressaltando que há muitas dúvidas se o governo vai conseguir realmente aumentar a arrecadação para entregar a meta de déficit primário zero em 2024.

Ontem, houve certo desconforto com a ampliação de estimativa de déficit primário em 2023 no Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do 5º bimestre. A projeção passou de R$141,4 bilhões para R$177,4 bilhões. A meta de resultado primário do Governo Central deste ano é de saldo negativo de até R$213,6 bilhões, mas a Fazenda chegou a prometer no começo do ano um rombo bem menor, de 1% do PIB (cerca de R$100 bilhões).

À tarde, o BC informou que o fluxo cambial foi negativo em US$ 1,708 bilhão na semana passada (de 13 a 17), com saídas líquidas de US$ 1,008 bilhão pelo canal financeiro e de US$ 699 milhões via comércio exterior. Em novembro (até dia 17), o saldo é negativo em US$ 3,188 bilhões (-US$ 2,202 bilhões pelo canal financeiro e -US$ 986 milhões pelo lado comercial). No ano, contudo, o fluxo cambial ainda é positivo em US$ 20,980 bilhões, graças à entrada líquida de US$ 45,925 bilhões via comércio exterior.

Ibovespa

A bem recebida troca de comando no Bradesco, com a substituição de Octavio de Lazari por Marcelo Noronha na presidência, colocou as ações do banco em lugar de destaque entre as de maior peso e liquidez da carteira Ibovespa nesta quinta-feira de Ação de Graças nos Estados Unidos, sem negócios em Nova York. O desempenho foi decisivo para que o índice conservasse a linha de 126 mil pontos pelo segundo dia, agora no maior nível desde 15 de julho de 2021 - naquela data, perto dos 127,5 mil.

Embora tenha mostrado acomodação no fechamento, a ação preferencial do segundo maior banco privado do país encerrou em alta de 2,67% e a ON, de 1,87%. O dia foi positivo também para Eletrobras (ON +2,05%, PNB +1,96%), mas negativo para as grandes ações de commodities até bem perto do encerramento, quando Petrobras obteve ganho na ON (+0,45%, máxima do dia) e na PN (+0,03%). Vale (ON -0,63%) e as siderúrgicas, por sua vez, sustentaram baixa, com Usiminas (PNA -1,65%) à frente.

Em dia desfavorável às cotações do petróleo, ainda reagindo a adiamento de reunião da Opep+, interpretado por parte do mercado como falta de unidade do cartel em torno dos níveis de produção e oferta da commodity, o desempenho cauteloso de Petrobras, apesar da melhora no fim da sessão, refletiu a expectativa para o anúncio do plano estratégico da empresa para o período 2024-2028.

"O principal ponto de discussão no mercado tem sido o tamanho do Capex - despesa de capital, ou seja, quanto a empresa gasta para manter ou aprimorar sua operação, geralmente em ativos fixos, como equipamentos e propriedades. Caso venha acima do esperado, pode impactar negativamente o preço das ações da Petrobras", diz Júlia Aquino, analista da Rico Investimentos.

Assim, em sessão de liquidez reduzida pelo feriado nos Estados Unidos, o Ibovespa operou hoje na faixa de 125.763,78 a 126.759,88 pontos, e encerrou em alta de 0,43%, a 126.575,75 pontos, com giro a R$ 14,9 bilhões na sessão. Na semana, o índice da B3 avança 1,44% e, no mês, 11,87%, colocando o ganho do ano a 15,35%.

Na ponta ganhadora do Ibovespa nesta quinta-feira, destaque para CVC (+6,56%), Assaí (+4,86%), Magazine Luiza (+4,33%) e JBS (+3,16%). No canto oposto, CSN Mineração (-6,68%), Cemig (-3,17%), Alpargatas (-2,87%) e Gol (-1,80%).

"A saída do Lazari para o Conselho de Administração e a chegada do Noronha para a presidência foram bem recebidas pelo mercado, na medida em que se espera que a nova governança seja mais assertiva nas métricas de ancoragem de risco e concessão de crédito, que penalizaram tanto os lucros dos bancos nos últimos tempos. Leitura do mercado foi positiva, após as dificuldades operacionais que o Bradesco encontrou nos últimos trimestres", diz Eduardo Siqueira, analista da Guide Investimentos.

Eventual mudança na presidência do Bradesco não estava totalmente fora do radar dos investidores, mas se esperava que viria um pouco mais adiante, possivelmente no início do próximo ano, tendo em vista a pressão em torno do desempenho do banco.

Enquanto o principal concorrente do Bradesco, o Itaú, tem conseguido entregar ROE de 20%, a mesma métrica de rentabilidade do Bradesco está em 11%, observa uma fonte. No varejo, o grande desafio dos bancões está na digitalização dos negócios e no custo de manutenção da tradicional estrutura física de agências - recentemente, a divulgação do elevado contingente de profissionais associados à tecnologia no Itaú chamou atenção.

"Mudar a trajetória de um navio de cruzeiro não é nada fácil. Houve frustração quanto a entrega de resultados e o mercado sabe bem quanto um banco do porte do Bradesco pode entregar. A troca foi vista de forma favorável, mas o mercado espera sempre resultado. Se não vier, a alta que se vê hoje será algo como uma cobertura de 'short' cobertura de posições vendidas no papel do que propriamente compra efetiva", diz Cesar Mikail, gestor de renda variável da Western Asset.

No quadro mais amplo, a retomada do Ibovespa continua a ser guiada pela recuperação do fluxo de ingresso de recursos estrangeiros na B3, em meio à distensão em torno do nível das taxas de juros nos EUA. Com a expectativa de que o ciclo de elevação dos custos de crédito pelo Federal Reserve tenha já chegado ao topo, e que os cortes da taxa de juros por lá devam vir na passagem do primeiro para o segundo semestre de 2024, o apetite por emergentes volta a aparecer, especialmente onde os ativos mostram descontos, como no Brasil - considerando também o índice amplo de Nova York (S&P 500) perto dos 4,6 mil pontos, não muito distante do pico histórico.

"O gringo está comprando Brasil de novo. De acordo com os mais recentes dados disponíveis, até o dia 21, foram 17 pregões seguidos de entrada líquida de recursos estrangeiros. No mês, o 'inflow' gringo está em cerca de R$ 20 bilhões na B3", observa Mikail.

Juros

Sem a referência dos negócios em Wall Street, os juros futuros oscilaram ao redor da estabilidade durante toda a sessão. A liquidez baixa imposta pelo feriado de Ação de Graças nos EUA e a agenda local esvaziada resultaram numa sessão fraca, com as taxas ora oscilando com viés de alta, ora de queda, sempre próximas aos ajustes anteriores. Os riscos fiscais continuaram no radar, com os agentes monitorando os movimentos no Congresso para apreciação das pautas econômicas e, lá fora, o petróleo, que seguiu em baixa.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,495%, estável ante o ajuste de ontem, e a do DI para janeiro de 2026 passou de 10,22% pra 10,24%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 10,37%, de 10,35% ontem, e a do DI para janeiro de 2029, em 10,79%, de 10,75%.

Na avaliação do gerente de Renda Fixa e Distribuição de Fundos da Nova Futura Investimentos, André Alírio, dias de liquidez limitada como o de hoje costumam resultar em postura mais cautelosa dos agentes, mas no atual contexto externo as taxas estiveram bem comportadas. "Com o alívio nos Treasuries nos últimos dias e o petróleo em queda, temos menos pressão sobre a curva, embora a questão fiscal possa contratar alguma volatilidade", diz.

Nem o noticiário de Brasília conseguiu dar um norte às taxas. A sessão conjunta do Congresso foi cancelada em função do impasse sobre os vetos do presidente Lula a pontos do arcabouço fiscal e da retomada do chamado "voto de qualidade" no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). A previsão é de que seja retomada na terça-feira. Outro assunto no radar é a desoneração da folha de pagamentos. O prazo para que Lula sancione ou vete o projeto de lei que prorroga a medida para os 17 setores que mais empregam no país termina hoje.

"Há sérias dúvidas de que o governo consiga aprovar as medidas que aumentariam as receitas e de que, mesmo aprovadas, consigam gerar os montantes previstos. E, do lado do governo, cada vez fica mais clara a pouca disposição para conter os gastos. Assim, a volta ao equilíbrio fiscal fica cada vez mais difícil", afirma o economista-chefe da Azimut Weatlh Management, Gino Olivares.

Mesmo sem Nova York, o Tesouro foi bem sucedido no leilão de prefixados desta quinta-feira, com venda integral dos lotes de 11 milhões de LTN e de 1,5 milhão de NTN-F, com taxas dentro do consenso.


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