person Entrar

Capa

Notíciasarrow_rightarrow_drop_down

Esportesarrow_rightarrow_drop_down

Arte & Agendaarrow_rightarrow_drop_down

Blogsarrow_rightarrow_drop_down

Jornal com Tecnologia

Viva Bemarrow_rightarrow_drop_down

Verão

Especial

Dólar sobe e temor de guerra comercial reduz alta do Ibovespa

Dólar à vista fechou a R$ 3,84, com alta de 0,71%

Ibovespa marcou 102.125 pontos, com alta de 0,31% | Foto: Marcello Casal jr / Agência Brasil / CP

Novos temores de acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China por pouco não neutralizaram a sessão de ganhos do Índice Bovespa nesta quinta-feira.

Embalado pelo cenário de afrouxamento monetário no Brasil e no mundo, o índice chegou a subir mais de 2%, antes que o presidente americano, Donald Trump, acenasse com nova sobretaxação de produtos chineses. As declarações inverteram o sinal positivo das bolsas americanas e aprofundaram a queda dos preços do petróleo, com reflexo direto sobre as ações da Petrobras. Ao final do pregão, o Ibovespa marcou 102.125,94 pontos, em alta de 0,31%.

"As ações abriram bem, com o mercado feliz com a política monetária do Banco Central. Mas as declarações do presidente dos Estados Unidos pesaram sobre todo o mundo, principalmente sobre o petróleo, que registrou quedas muito expressivas", disse Ariovaldo Ferreira, gerente da mesa de renda variável da H.Commcor.

Responsáveis juntas por 11,3% da composição do Ibovespa, Petrobras ON e PN terminaram o dia com quedas de 1,53% e 1,84%, depois de terem oscilado em alta pela manhã, na contramão do petróleo. Já Vale ON, que tem peso de 9,2% da carteira do índice, foi além e perdeu 2,83%. A ação da mineradora já vinha oscilando em queda desde cedo, em repercussão ao prejuízo de US$ 133 milhões registrado no segundo trimestre, impactado por novas provisões relacionadas ao desastre com a barragem de Brumadinho.

O corte de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic veio em linha com as apostas do mercado e animou pela perspectiva de novas reduções de juros. Assim, ações de empresas mais rapidamente beneficiadas pela medida foram destaque de alta. O índice de ações de consumo (ICON) terminou o dia com alta de 2,24%, pela aposta de melhora do poder de compra do consumidor. O índice de energia elétrica (IEE) avançou 1,49%, com a visão de melhora na demanda à indústria.

Na máxima do dia, o Ibovespa chegou a bater os 104.055,69 pontos (+2,20%), pouco antes das declarações de Trump. Na mínima, marcou 101.818,93 pontos (+0,01%). "Era uma sessão de recuperação para o mercado de maneira geral, mas houve piora em praticamente todas as ações após as declarações de Trump, o que mostra que o cenário ainda é de volatilidade", diz Luiz Roberto Monteiro, operador da Renascença Corretora. Para ele, a sensibilidade ao cenário externo se mostra maior enquanto o mercado ainda aguarda a retomada dos trabalhos no Congresso, na expectativa de avanço da reforma da Previdência e tributária, além de outras medidas.

Dólar

O dólar teve novo dia de volatilidade nesta quinta-feira, mas firmou-se em alta na parte da tarde após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar pelo Twitter uma nova rodada de tarifas em US$ 300 bilhões de produtos chineses importados pelos americanos. Logo após a postagem, a moeda dos EUA bateu nas máximas do dia, superando R$ 3,85, dia em que o noticiário local ficou esvaziado. Em sessão de forte volume de negócios, o dólar à vista fechou cotado em alta de 0,71%, a R$ 3,8472, maior nível de fechamento desde 2 de julho.

O dólar já estava em alta no mercado internacional antes do tuíte de Trump sobre a China, por conta da visão de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode não promover um ciclo de corte de juros tão longo como o esperado, após as declarações de quarta do presidente da instituição, Jerome Powell. A declaração do presidente americano sobre a imposição de novas tarifas aos chineses, que vão valer a partir de 1º de setembro, ajudou a acelerar essa valorização e a divisa americana fechou em forte alta em vários mercados emergentes, incluindo África do Sul (+2%), Colômbia (+1,9%) e Rússia (+1,1%). Já entre moedas fortes, o dólar acabou se enfraquecendo.

"O impacto direto dessas tarifas (se impostas) serão modestos. Mas elas têm o potencial de prejudicar o crescimento mundial de forma mais substancial por meio de um impacto negativo na já fraca confiança dos agentes", escreveram nesta tarde os estrategistas do JPMorgan em Nova York.

Mais cedo, o real já estava pressionado, mas operou volátil pela manhã, chegando a recuar até R$ 3,81 na mínima do dia. Um dos fatores que pressionaram a moeda foi a redução do diferencial de juros entre o Brasil e os EUA, após o Banco Central cortar os juros em ritmo mais intenso aqui do que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano). "Um diferencial ainda menor não ajuda (o real)", ressaltam os economistas do Citibank, Leonardo Porto e Maurício Une.

Para os economistas do Citi, na ausência de um noticiário local mais forte, as notícias externas vão continuar ditando os movimentos do real. Após a decisão do Fed na quarta, o banco americano decidiu mudar sua recomendação para o real de "acima da média do mercado" ("overweight") para "abaixo da média do mercado" ("underweight").

Taxas de juros

No primeiro pregão pós-Copom, os juros futuros curtos fecharam em queda firme, com investidores ajustando posições após a decisão do Copom de cortar a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, para 6% ao ano, e acenar, em seu comunicado, com a possibilidade de um ciclo mais abrangente de afrouxamento monetário.

Com giro de mais de 977 mil contratos, nesta quinta-feira, o DI para janeiro de 2020 - veículo principal para apostas para o nível no fim do ano - recuou cerca de 10 pontos-base, de 5,608% para 5,505%. Já o contrato com vencimento em janeiro de 2021, que abrange as expectativas para o nível da Selic daqui até o fim de 2020, caiu de 5,49% para 5,40%.

Como as taxas refletiam cerca de 30% de chances de que a Selic fosse reduzida em 0,25 ponto, era natural que houvesse uma correção nesta quarta-feira. O tom suave do comunicado, com projeções de inflação abaixo da meta, provocou um realinhamento também das expectativas para o ciclo total de corte, com investidores embutindo na curva a possibilidade de que a Selic encere o ano em 5,25% ou até mesmo 5%.

Cálculos de operadores mostram que as taxas já refletem cerca de 70% de chances mais um corte de 0,50 ponto porcentual na reunião do Copom em setembro. E os economistas vão pelo mesmo caminho. De 46 instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast, 42 projetam Selic a 5,50% em setembro, enquanto apenas quatro acreditam em corte de 0,25 ponto, para 5,75%.

Em relação ao fim do ano, 45 instituições forneceram suas previsões. E a maioria, 24, espera Selic em 5% ano, ao passo que 12 projetam 5,25% e outras oito projetam 5,5%. O Bank of America Merrill Lynch foi mais longe e vê Selic em 4,75% em dezembro.

Não é por menos. Em seu comunicado, o BC de Roberto Campos Neto, sempre cioso com o mandato de controle da inflação, afirma que "a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo".

"O comunicado foi muito claro de que haverá novos cortes e que a Selic pode ir abaixo de 5,50%, o que fez os DIs mais curtos derreterem", afirma o responsável pela área de renda fixa da Monte Bravo, Artur Schneider, ressaltando com a alta das taxas na quarta à tarde, após um discurso mais forte do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), havia mais espaço para correção para baixo nesta quinta.

Schneider lembra que a Selic foi mantida inalterada em 6,50% por mais de um ano sem que a economia desse sinal de reação e a inflação começasse a ameaçar. As projeções sugerem que, mesmo com mais corte da Selic, o IPCA vai terminar 2020 abaixo da meta, de 4%. "Ainda podemos ver queda dos preços dos combustíveis, um componente muito forte do IPCA, por causa da abertura no mercado de gás. É um cenário que permite juros mais baixos e mais estímulos para a economia", afirma.

Enquanto os DIs curtos caíram em bloco e fecharam perto das mínimas, as taxas longas e intermediárias tiveram um trajetória mais acidentada. Depois de uma queda mais moderada que a dos curtos pela manhã, com um aumento previsível da inclinação da curva diante de um corte mais pronunciado da Selic, as taxas ganharam força e fecharam perto da estabilidade. O aumento dos prêmios de risco veio na esteira de declarações do presidente americano, Donald Trump, sobre imposição de novas tarifas a produtos chineses.

Na parte intermediária da curva, DI para janeiro de 2023 desceu até 6,26% e terminou estável, a 6,35%. Na ponta longa, o DI para janeiro de 2025 - que chegou a cair para 6,80% - encerrou a 6,91%, ante 6,90%.

AE