Debate discute comportamento individual e coletivo em relação ao dinheiro

Debate discute comportamento individual e coletivo em relação ao dinheiro

Corecon-RS promoveu a discussão “Até quando o crime vai compensar no Brasil? Incentivo e dissuasão da atividade criminosa”.

Christian Bueller

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Quando se pensa em economia, vêm à cabeça os fatores financeiros. Mas, a microeconomia, um braço do mesmo tema, trata do comportamento individual e coletivo em relação ao dinheiro. Foi nessa direção que o Conselho Regional de Economia da 4ª Região (Corecon-RS) promoveu o debate virtual “Até quando o crime vai compensar no Brasil? Incentivo e dissuasão da atividade criminosa”.

Os economistas Mauro Salvo e Pery Francisco Shikida, e o professor e pesquisador Luiz Marcelo Berger versaram sobre o assunto. Professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e membro do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, Shikida apresentou um caso fictício de um criminoso, baseado em 21 anos de pesquisa sobre as características de pessoas que delinquiram. “O principal motivo para sua prática é o ganho fácil, cobiça e ganância. Não tem a ver com pobreza ou má distribuição de renda. Vimos isto, a partir de entrevistas com mais de mil detentos”, explanou. O economista acredita que “o poder de polícia respeitado e o poder judiciário efetivo e rápido” amenizariam o problema, mas a resolução levaria tempo.

Analista do Banco Central, pesquisador em economia do crime, lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, o ex-vice-presidente do Corecon-RS Mauro Salvo, especialista em crimes de “colarinho branco”, corrobora com Shikida. “Se fosse aquela história de ‘vítima da sociedade’, por que o Marcelo Odebrecht (empresário preso por corrupção ativa, associação criminosa e lavagem de dinheiro) entraria para o mundo do crime, se já tem tudo o que poderia ter em termos materiais? É porque teve a oportunidade. Pela ganância”, opinou. Para ele, os crimes cairiam se os benefícios dos criminosos fossem abreviados e seus custos aumentados. “O tempo de detecção do crime deve ser reduzido e aumentar as penas e multas, tirar dinheiro deles”, relatou Salvo.

Advogado, pesquisador visitante da Faculdade de Direito de Berkeley, nos Estrados Unidos, Luiz Marcelo Berger citou que este tipo de bandido tem “enorme propensão ao risco”. “São pessoas dispostas a níveis de adrenalina pelo ganho fácil. O criminoso de carreira costuma ter alto grau de instrução, circula em rodas da alta sociedade e tem elevado narcisismo”, destacou, lembrando que a “trava moral do criminoso econômico é mais frágil do que a do ladrão que chamam de pé rapado’”. Segundo Berger, os cursos de Direito necessitariam de, pelo menos, dois semestres sobre microeconomia e análise econômica do crime. “Primeiro, é preciso entender o fenômeno criminológico e como ele ocorre para, depois, fazer a legislação”, sugeriu o pesquisador.


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