Dolár caí para o menor patamar desde setembro, caindo 1,54% e chegando a custar R$ 4,89

Dolár caí para o menor patamar desde setembro, caindo 1,54% e chegando a custar R$ 4,89

Ibovespa subiu 2,70% e alcançou os 118.159,97 pontos nesta sexta-feira

AE

Dólar interrompeu a série de seis altas consecutivas e caiu 0,64% nesta segunda-feira

publicidade

O dólar à vista caiu 1,54% em relação ao real hoje, a R$ 4,8963, acompanhando o rali de ativos de risco desencadeado por números que mostraram esfriamento do mercado de trabalho americano e consolidaram a aposta no fim do ciclo de aperto monetário no país. Esse sinal se sobrepôs às preocupações com o cenário fiscal doméstico e levou a moeda americana à menor cotação no fechamento desde 20 de setembro (R$ 4,8802). Na semana, caiu 2,33%.

A moeda americana perdeu força globalmente, tanto em relação a pares desenvolvidos - com o índice DXY operando em torno de 105,000 pontos, em queda próxima de 1% -, quanto ante emergentes como o peso chileno (-1,44%) e o mexicano (-0,34%). Aqui, operou em queda durante toda a sessão, entre a máxima de R$ 4,9339 (-0,79%) e a mínima de R$ 4,8769 (-1,93%), também o menor nível intradia desde 20 de setembro.

O payroll americano deu a senha para o rali dos ativos de risco nesta sexta-feira, após o mercado doméstico ter ficado fechado ontem devido ao feriado de Finados. Segundo o Departamento de Trabalho dos EUA, foram criados 150 mil empregos em outubro, bem abaixo dos 183 mil esperados por analistas. O aumento da taxa de desemprego a 3,9% no mês também foi maior do que indicava o consenso, de 3,8%.

Esses números consolidaram a avaliação de que o Federal Reserve (Fed) já deve ter encerrado o ciclo de aperto monetário, após o banco central americano ter decidido manter os juros do país em 5,25%-5,50% pela segunda vez consecutiva na quarta-feira, 1º. A chance de um aumento de 25 pontos-base em dezembro embutida na curva das Treasuries caiu de quase 20% ontem para menos de 5% hoje, segundo o CME Group.

"O dia foi totalmente em função desse payroll", disse o chefe da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt. "A taxa das Treasuries caiu muito, a aversão ao risco cai e o mercado todo acaba melhorando, e o real ficou em linha com outras moedas."

O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, destacou que o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) de novembro também ajudou a amparar os ganhos do real hoje. Como mostrou o Broadcast, analistas consideraram que o risco fiscal e a preocupação do colegiado com o ambiente externo sugerem risco de uma Selic terminal mais alta - o que levaria a uma diminuição menor do diferencial de juros entre Brasil e EUA.

"Um dos pontos que levou o real a se desvalorizar mais do que outras moedas é que a política monetária brasileira, diferente da de outros emergentes, está na direção oposta do Fed. A tendência era de diminuir o diferencial entre as curvas, mas, agora, o sinal de estagnação dos juros americanos e a tendência de corte menor no Brasil podem ajudar a atrair capital e a tirar pressão do dólar", afirmou Velloni.

Hoje, o Banco Central informou que o fluxo cambial para o Brasil foi positivo em US$ 1,930 bilhão em outubro, até o dia 27, segundo dados preliminares. Em setembro, houve saída de US$ 1,665 bilhão. O fluxo cambial acumulado no ano é positivo em US$ 22,590 bilhão, de acordo com a autoridade monetária.

Bolsa de valores

A leitura abaixo do previsto na geração de vagas de emprego nos Estados Unidos em outubro, pela manhã, reforçou o apetite por risco desde o exterior nesta sexta-feira, 3, com a percepção de que os dados contribuem para a possibilidade de uma pausa na elevação de juros do Federal Reserve, ou mesmo que já tenham atingido o topo do ciclo.

Assim, o Ibovespa, vindo do feriado de Finados, buscou se alinhar a dois dias de fortes ganhos em Nova York. Hoje, o índice da B3 subiu 2,70%, aos 118.159,97 pontos, bem mais próximo à máxima (118.501,80, +3%) do que à mínima (115.062,37), da abertura do dia. O giro subiu a R$ 26,2 bilhões nesta sexta-feira.

Nesta semana de transição entre outubro e novembro, o Ibovespa acumulou ganho de 4,29%, em alta pelo terceiro dia, vindo de leve avanço de 0,13% na semana anterior. Assim, o índice teve a melhor semana desde o intervalo de 10 a 14 de abril, quando havia subido 5,41%. Nas duas primeiras sessões de novembro, avança 4,18%, o que recoloca a alta do ano a 7,68%.

O nível de fechamento do Ibovespa nesta sexta-feira foi o maior desde 20 de setembro, então a 118.695,32. Em relação ao fechamento anterior, no dia 1º, o Ibovespa reconquistou perto de 3,4 mil pontos e, em porcentual, foi o maior avanço diário para o índice desde 5 de maio (2,91%).

"Foi um pregão muito positivo o de hoje, repercutindo eventos desde o fim da quarta-feira até a manhã de hoje. Os sinais do Fed na última quarta-feira foram recebidos em viés mais 'dovish', com o reconhecimento pela instituição de que as condições de crédito já estão restritivas com o avanço dos juros longos, e que o ciclo de aperto do BC americano está, muito provavelmente, perto do fim", diz Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.

Segundo ela, o viés do comunicado do Copom, na noite daquele mesmo dia, também pareceu em orientação mais suave. "E o payroll de hoje, com criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos bem abaixo do que se esperava para outubro, foi a cereja do bolo para essa nova alta do Ibovespa", diz.

A geração de vagas nos EUA ficou em 150 mil, ante expectativa a 180 mil, enquanto a taxa de desemprego subiu para 3,9% em outubro, ante expectativa a 3,8%. Na criação de vagas em outubro, houve forte desaceleração ante setembro (336 mil), o que contribuiu para firmar desde cedo a boa recuperação vista no Ibovespa, após o EWZ, principal ETF de Brasil em Nova York, ter subido ontem quase 3% durante o feriado na B3, aponta em nota a Guide Investimentos.

Reforçando o apetite por ações na B3 nesta sessão espremida entre o feriado e o fim de semana, "a curva de DI futuro veio junto, para baixo e em bloco, nesse movimento visto nos Treasuries", acrescenta Larissa, da Empiricus, destacando a forte recuperação, também, nas ações de menor liquidez, as chamadas "small caps".

"O efeito favorável do externo hoje sobrepujou as questões domésticas, o ruído sobre o fiscal, no momento em que se rediscute a meta de déficit zero para o ano que vem."

Este sinal, ruim, foi reforçado mais uma vez pelo presidente Lula em reunião hoje com ministros da área de infraestrutura, de que participou também o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

No encontro, o presidente disse preferir dinheiro colocado em obras do que guardado na Fazenda - área que, conforme apontou Lula, considera que "dinheiro bom é dinheiro no Tesouro".

Juros

Os juros futuros encerraram a sessão em queda tanto em relação a quarta-feira quanto no acumulado da semana, refletindo, em ambos os casos, os eventos do cenário externo, que prevaleceram ante a piora do risco fiscal. As taxas cediam no fim do dia mais de 20 pontos-base a partir dos vencimentos intermediários em relação aos últimos ajustes, espelhando o recuo dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano de longo prazo, ontem e hoje, e também do câmbio. A leitura de desaceleração do mercado de trabalho e de enfraquecimento do setor de serviços nos EUA suavizou apostas de nova alta de juros pelo Federal Reserve e fortaleceu as de queda em meados de 2024.

Mesmo numa sessão cravada entre o feriado de Finados e o fim de semana, o giro foi robusto, mantendo-se acima de 1 milhão no contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025, cuja taxa no fechamento da sessão era de 10,835%, de 10,957% na quarta-feira. A do DI para janeiro de 2026 caiu de 10,84% para 10,60% e a do DI para janeiro de 2027, de 11,02% para 10,77%. O DI para janeiro de 2029 fechou com taxa de 11,16%, de 11,39%.

Na esteira do alerta do comunicado do Copom sobre o "ambiente externo adverso", em função de uma série de fatores incluindo as taxas longas americanas, o alívio nos yields visto desde ontem derrubou os prêmios de risco nas taxas locais. Os níveis da curva americana ganharam relevância para as futuras apostas de Selic terminal, como variável agora ainda mais importante para determinar o tamanho do ciclo.

No fim da tarde, a taxa da T-Note de dez anos estava em 4,52%, de 4,76% na quarta-feira e 4,67% ontem. Destaque na agenda do dia, o payroll de outubro mostrou criação de 150 mil vagas, abaixo do consenso de 183 mil. A taxa de desemprego subiu de 3,8% para 3,9%, contrariando a previsão de estabilidade, e os salários por hora avançaram menos do que o esperado. Os pedidos de auxílio-desemprego divulgados ontem, quando o mercado aqui estava fechado, já haviam mostrado aumento além do estimado. A ideia de arrefecimento da economia, que tende a amenizar as pressões inflacionárias e sobre a política monetária, foi ainda reforçada hoje pela queda do PMI medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, em inglês) de Serviços maior do que o consenso.

"Desses dois dias positivos lá fora, fica a sinalização de que o Fed não deve mais subir os juros. Era o que vinha preocupando aqui, que, com isso, a Selic pudesse não mais cair tanto", resume Felipe Rodrigo de Oliveira, economista da MAG Investimentos, lembrando ainda da ajuda do câmbio, uma vez que o dólar hoje voltou a ficar abaixo de R$ 4,90.

Internamente, a sexta-feira não trouxe noticiário nem agenda de impacto, com a possibilidade de alteração da meta fiscal ainda em aberto. A discussão tende a ganhar força na próxima semana. O presidente Lula é contra o contingenciamento de recursos para assegurar a meta de déficit zero em 2024 caso o governo não consiga a arrecadação necessária, de R$ 168 bilhões, conforme previsto no arcabouço fiscal.

 


Azeite gaúcho conquista prêmio internacional

Produzido na Fazenda Serra dos Tapes, de Canguçu, Potenza Frutado venceu em primeiro lugar na categoria “Best International EVOO” do Guía ESAO

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895