Entidades defendem abordagem seletiva para funcionamento do comércio
Videoconferência ocorreu durante evento Tá na Mesa, da Federasul
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Com a crise econômica por conta do novo coronavírus, micro e pequenos empreendedores passaram a buscar alternativas para manter seus negócios e evitar prejuízos maiores em função da restrição do comércio nas últimas semanas em boa parte do Rio Grande do Sul. Mas o abre e fecha de lojas, decorrente das decisões do governo do Estado a partir do modelo de Distanciamento Controlado, desagrada dirigentes de entidades gaúchas que defenderam hoje, em videoconferência, durante evento Tá na Mesa, da Federasul, uma abordagem seletiva para definir o funcionamento do comércio.
Durante o painel A Reinvenção dos Pequenos Negócios na Crise, o diretor-superintendente do Sebrae, André Vanoni de Godoy, criticou o que classificou de 'uma política horizontal' e explicou que desde o início da pandemia, no final de março, a instituição percebeu a necessidade de migrar para atendimento remoto. Na avaliação de Godoy, o fechamento do comércio pode resolver a questão na área da saúde, mas implica na criação de um 'grande problema' social: o desemprego. "Intervenções para evitar contágio devem ser feitas de maneira seletiva e não uniforme", reforça.
Durante o encontro virtual, conduzido pela presidente da Federasul, Simone Leite, Godoy reforçou as ações implementadas pelo Sebrae desde março para atender pequenos e micro empreendedores. Entre as medidas colocadas em práticas pela instituição, Godoy destaca cinco: ligar para cada cliente; assessoria técnica gratuita; pesquisa de monitoramento; plano emergencial de recuperação; e retomada gradual da atividade presencial. "Esta última tem sido prejudicada por conta dos protocolos de afastamento e das bandeiras impostas pelo governo do Estado, pois nas cidades onde nossa unidade está localizada precisamos fechar e aguardar evolução de bandeiras", observa.
Sem poder atender os clientes de forma presencial, o Sebrae viu o serviço digital crescer 80%, comparado com 2019, o que representa quase 300 mil empresas beneficiadas do final de março até 30 de junho. "Isso reflete o drama que empreendedores estão passando, não temos como planejar nossas atividades a médio e longo prazo em função dessa situação de incerteza", reforça, acrescentando que a entidade criou site com conteúdo específico por conta da crise. O Sebrae também tentou elaborar programa de acesso a crédito junto à Caixa Econômica Federal (CEF). "Tentamos construir um programa acessível para pequeno negócio do Brasil, mas quando a CEF fixou as taxas de juros, fixou num patamar irrealista para o pequeno negócio. Ofereceu com juros de 20% ao ano. Isso é fora de qualquer realidade", justifica.
Acompanhada de dirigentes da Federasul, Simone reforçou as críticas quanto a falta de previsibilidade em relação ao futuro do comércio e salientou que já são 132 mil gaúchos desempregados. "A economia tem que girar para que tenhamos renda par todos os gaúchos. Isso é fundamental", afirmou. Ela também garantiu que há condições de oferecer segurança sanitária para os funcionários em meio à pandemia. "As empresas são lugares seguros para estar e trabalhar, pois seguem protocolos sanitários", explicou. Assim como Godoy, que afirmou que a CEF 'errou a mão ao fixar os juros', Simone destacou as exigências do banco para financiamentos. "O que estamos vendo é a extorsão dos nossos pequenos empresários que estão precisando de ajuda nesse momento", completou.