Diversidade de biomassas pode ampliar a geração de biodiesel no RS

Diversidade de biomassas pode ampliar a geração de biodiesel no RS

Potencial ainda não explorado foi debatido entre especialistas no Fórum de Energias Renováveis

Thaise Teixeira

Painel abordou as potencialidades do setor no Rio Grande do Sul

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O potencial ainda não explorado no Rio Grande do Sul para a produção de biodiesel foi um dos destaques da participação do presidente do Conselho de Administração da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), Francisco Turra, no Fórum de Energias Renováveis, promovido pelo Correio do Povo e pelo Sindienergia-RS, ontem, em Porto Alegre.

O ex-ministro da Agricultura abriu o painel Bioenergias, que abordou a relevância do mercado brasileiro de biodiesel para a redução da emissão dos gases de efeito estufa (GEEs) à atmosfera e para ampliar a geração de renda ao campo e às cidades. “Cada R$1 adicional de produção de biodiesel promove a inclusão de outros R$4,40 na economia como um todo”, exemplificou.

Uma das oportunidades está na utilização de uma grande diversidade de biomassas para a geração de biodiesel. Uma delas, cita o ex-ministro da Agricultura, está na graxaria proveniente dos frigoríficos. “Isso é um problema ambiental, mas que, agora serviu para a produção do biocombustível exportado pelo Brasil para Bruxelas”, apontou. Turra também lembrou da utilização de óleo de cozinha para a finalidade e das oportunidades que serão abertas pela utilização de grãos cultivados na safra de inverno para fabricação de etanol, a partir de 2024, pela B&8, em Passo Fundo.

Turra destacou também que o Brasil é o terceiro produtor mundial de biodiesel,  mas que suas 59 usinas operam com capacidade ociosa. Localizadas em 53 municípios de 15 estados, as indústrias produziram 6,3 bilhões de litros em 2022, mas que estão autorizadas a produzir quase 14 bilhões de litros. “Devemos garantir a execução da decisão de ampliar e atingir a mistura de 15% de biodiesel ao diesel fóssil (B15) o quanto antes”, defendeu.

Ao mesmo tempo, falou da necessidade de o país adotar um novo cronograma de aumentos da mistura com vistas ao B20.  O presidente do Conselho de Administração da Oleoplan, Irineu Boff lembrou que, além de emitir 70% menos GEEs ao meio ambiente, o biodiesel é gerador de alimentação animal por meio do farelo de soja proveniente das indústrias. “Ao fazer um quilo de biodiesel estamos fazendo quatro quilos de farelo de soja, que alimenta suínos e aves”, afirmou.   

A bioenergia gerada a partir das florestas plantadas pautou a participação dorepresentante da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Júnior Haas. “Muitas vezes, as florestas não são lembradas quando se fala em energia renovável, ,mas sua participação está associada à energia térmica industrial, na produção de calor por carvão vegetal ou pallets”, detalha. Haas lamentou que o setor seja penalizado pela legislação ambiental atualmente vigente no Estado, o que limita sua expansão. E citou a falta de atratividade bancária para ofertar linhas de crédito para o setor devido ao grande prazo de carência que exige a atividade, cujo retorno financeiro começa em oito anos após o primeiro plantio.

O debate foi mediado por Luiz Leão, vice-presidente da Associação Gaúcha de Fomento às Pequenas Centrais Hodrrelétricas (AGPCH), que citou o grande potencial gerador de energia da casca de arroz no Estado, que é responsável por quase a totalidade da safra brasileira do grão. “O produto tem baixa umidade e se utilizado para produção de energia limpa não vai para o meio ambiente, onde demora cinco anos para se decompor”, concluiu.

A terceira edição do Fórum de Energias Renováveis é promovido pelo Correio do Povo e Sindienergia-RS e conta com o patrocínio da AEGEA, BRDE, Badesul, Senar-RS, Famurs e CIEE-RS. 


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