Faltam engenheiros para mercado de energia limpa

Faltam engenheiros para mercado de energia limpa

Painel no fórum sobre o assunto tratou da capacitação de profissionais para o setor 

Karina Reif

Alternativas para resolver a demanda de profissionais foram debatidas

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Só a geração de energia eólica pode ser responsável por 105 mil empregos no Rio Grande do Sul até 2040, mas faltam profissionais especializados, segundo os debatedores do painel Capacitação para Transformação Energética da terceira edição do Fórum de Energias Renováveis. O evento é realizado pelo Correio do Povo e pelo Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS) nesta quinta-feira no Teatro do CIEE RS, em Porto Alegre . 

A capacitação vai muito além da formação de pessoal, segundo a engenheira civil e integrante do Sindienergia-RS, Daniela Cardeal, moderadora do diálogo. “Não estamos preparados, apesar do RS ser reconhecido pela qualidade de educação, mas precisamos deixar de ser exportadores de talentos e organizar como absorver nossos talentos”, declarou. 

Na avaliação do coordenador do curso de Engenharia de Energias Renováveis da PUCRS, Odilon Francisco Pavón Duarte, há um desinteresse dos alunos pelas áreas das engenharias. “Sem essa mão de obra e infraestrutura, o pessoal que projeta, planeja e executa as obras, fica muito difícil de fazer a transição energética”, declarou. 

Ele ressaltou a necessidade de limitar o aquecimento global a partir do uso de energias limpas. “Se nós continuarmos usando os recursos energéticos como nós utilizamos atualmente, as próximas gerações não terão muita chance. Então para limitar em 1,5ºC, eu tenho que reduzir 37 gigatoneladas de CO2”, disse. Uma das explicações para a falta de procura pelos cursos na área, é a redução do poder aquisitivo das famílias, que impactou todos os cursos universitários. Outro fator é a redução de financiamentos para a educação, na avaliação dele. 

Conforme o chefe da divisão da Diretoria Técnica de Articulação e Relacionamento da Superintendência da Educação Profissional (Suepro), Vitor Powaczruk, se antes havia sobra de profissionais, agora as empresas disputam os que estão disponíveis no mercado. “Se a gente ficar esperando que os talentos brotem, não vamos chegar a lugar nenhum”, declarou. As competências necessárias para formar os trabalhadores dessa área não virão do sistema tradicional de educação, na opinião dele. “Precisamos ter no setor de energias renováveis um mapeamento das competências necessárias para que elas possam fazer parte do nosso leque de formação”, sugeriu.  

O desafio para recrutar força de trabalho é um dos principais para a área. A professora do Programa de Pós Graduação em Engenharia Mecânica da Ufrgs, Adriane Petry informou que para cada 1MW de energia eólica onshore é possível gerar 11 empregos por 25 anos. Já o mesmo 1MW, mas offshore, pode criar 20 postos de trabalho. Ela explicou que o campo é muito diverso e cheio de novas oportunidades. 

Um dos campos de atuação que tem crescido é o de geração em parques eólicos e solares em alto mar. Sobre isso, o gerente de Planejamento e Desenvolvimento da Portos RS, disse que está ocorrendo uma mudança de cultura e que os portos têm servido como base para esse tipo de indústria. “O porto é e será um grande laboratório. Já temos pesquisas e prototipagens em andamento”, afirmou.

A terceira edição do Fórum de Energias Renováveis é promovido pelo Correio do Povo e Sindienergia-RS e conta com o patrocínio da AEGEA, BRDE, Badesul, Senar-RS, Famurs e CIEE RS.


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