FMI melhora perspectiva para América Latina e revisa alta para o Brasil
Dados para 2021 foram divulgados nesta terça-feira
publicidade
O Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou nesta terça-feira as perspectivas de crescimento para América Latina e Caribe em 2021. Segundo o FMI, a alta será de 4,1%, 0,5 ponto percentual acima do esperado em outubro. A mudança ocorreu devido à revisão em alta das duas grandes economias da região: Brasil e México.
O Brasil terá desempenho 0,8 ponto percentual acima do projetado, com crescimento de 3,6% este ano, e a economia mexicana crescerá 4,3%, 0,8 ponto percentual a mais do que esperavam os economistas do FMI.
A expectativa de que a vacinação consiga controlar a pandemia e os efeitos dos planos de estímulo levaram o FMI a melhorar suas perspectivas de crescimento econômico global em 2021 para 5,5% (+ 0,3%) em relação aos dados de outubro. "Esses desenvolvimentos apontam para uma base mais sólida para as perspectivas globais para 2021 e 2022", disse o Fundo Monetário Internacional (FMI) em uma atualização de seu relatório "Perspectivas Econômicas Mundiais" (WEO).
Segundo os cálculos da entidade com sede em Washington, a economia dos Estados Unidos se expandirá dois pontos percentuais a mais do que o esperado em outubro, com crescimento do PIB de 5,5% em 2021, e a China terá um crescimento de 8,1% este ano.
"A melhora nas perspectivas é especialmente marcada nas economias avançadas, um reflexo de estímulos fiscais adicionais, especialmente nos Estados Unidos e no Japão", disse o FMI. O órgão acrescentou que isso se soma à expectativa de que haverá disponibilidade generalizada da vacina antes do esperado. Um indicador importante dessa perspectiva melhorada é que os volumes do comércio global crescerão 8% em 2021, de acordo com o FMI, e depois se expandirão 6%, em 2022.
Para 2022, o Fundo manteve seus cálculos de que a economia mundial crescerá 4,2%. A entidade alertou, no entanto, que essa previsão é marcada por "incertezas excepcionais" e que a recuperação é "incompleta" e "desigual".
"Embora as recentes aprovações de vacinas aumentem as expectativas de uma mudança no rumo da pandemia este ano, novas ondas e novas variantes do vírus podem afetar as perspectivas", alertou o FMI. Economistas estimaram a contração da economia global em 2020 em 3,5%, longe das previsões mais sombrias feitas em junho - de uma queda de 5,2% no PIB no ano passado.
Europa piora
Uma região que teve uma piora na previsão para 2021 pela onda atual que se abate sobre o continente foi a Europa. O FMI reduziu suas projeções de crescimento para a zona do euro em 1,0 pp, para 4,2%.
A Itália é o país, cuja projeção foi mais prejudicada, com um corte de 2,2 pp para um crescimento de 3%, seguida da Espanha, onde o FMI baixou suas projeções em 1,3 pp, para 5,9%.
Se compararmos as economias desenvolvidas, Estados Unidos e Japão alcançarão o patamar anterior à crise no segundo semestre de 2021, enquanto a zona do euro e o Reino Unido levarão até 2022 para chegar a esse ponto.
Cicatrizes da crise
O FMI informou que "o colapso severo de 2020 teve um forte impacto negativo sobre as mulheres, os jovens, os pobres e os trabalhadores informais e também sobre as pessoas empregadas em setores que dependem do contato". A entidade reiterou sua mensagem de que serão os países que mantiverem o apoio à economia que voltarão mais cedo à trajetória de crescimento.
O alerta é feito no momento em que o novo presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, tenta aprovar um plano de alívio em massa para a economia, que perdeu nove milhões de trabalhadores desde fevereiro de 2020. Além disso, o Fundo destacou que, entre as cicatrizes desta crise, está o retrocesso no combate à pobreza nas últimas duas décadas, com cerca de 90 milhões de pessoas podendo cair na pobreza extrema entre 2020 e 2021.
O FMI fez um apelo especial para fortalecer a cooperação multilateral, incluindo o apoio ao fundo de vacinação Covax, para que mais países tenham acesso à vacina contra a Covid-19. Já são 2,1 milhões de mortes no mundo.
Também defendeu que, nos casos em que a dívida soberana de um país se torne insustentável, as nações que se beneficiam de um mecanismo pactuado a pedido do G-20 continuem a operar dentro dessa estrutura com seus credores. Para o FMI, no contexto desta crise, a reestruturação da dívida de alguns países pode ser "inevitável".