Guedes fala de política monetária sem "freio de mão" e "despedalada"

Guedes fala de política monetária sem "freio de mão" e "despedalada"

Ministro aproveitou evento do setor de supermercados para pedir manutenção do governo e voltar atrás nas críticas ao Banco Central

R7

Guedes diz que, com ganho de eficiência do governo, salários podem aumentar

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A política monetária do Brasil estará sem o "freio de mão" em 2023, afirmou o ministro da Economia Paulo Guedes, na terça-feira (20). "No ano que vem, teremos dois componentes positivos de crescimento: investimento e reaceleração cíclica." Ele voltou atrás nas críticas feitas ao BC (Banco Central), dizendo que a instituição "trabalhou certo" durante a crise econômica, e falou sobre uma "despedalada final", com a devolução de valores ao governo, entre R$ 80 bilhões a R$ 90 bilhões, pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Tudo isso aconteceu durante a participação do ministro na 56ª Convenção da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), em Campinas, no interior de São Paulo. Na ocasião, ele aproveitou para defender a permanência do atual governo, pedindo que o público não se deixe levar por "narrativas políticas". "Estamos em direção a uma economia de mercado de consumo de massa", afirmou.

Sobre o BC, Guedes falou que a autoridade monetária foi a primeira a se mover na crise: "acordou antes de todos os bancos centrais do mundo, por isso já estamos com juros relativamente fortes e altos, travando a inflação", declarou, na véspera da decisão sobre a taxa básica de juros.

No dia anterior, ele havia dito que o BC errou as projeções para o Brasil, por não ter percebido a mudança no eixo da economia, com reformas e marcos legais aprovados pelo Congresso, e poupou apenas o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto. A declaração aumentou a insatisfação de servidores do órgão, que já estavam descontentes por causa da falta de reajuste de salários e de um plano de reestruturação de carreira.

Reajustes de salários

Guedes também acenou para a possibilidade de reajustes dos salários, depois do congelamento nos vencimentos dos servidores públicos nos últimos anos, e nenhum aumento real do salário mínimo.

O ministro contou que a digitalização dos serviços públicos trouxe ganhos de eficiência para o governo, e ressaltou que a atual gestão ainda não substituiu muitos servidores que se aposentaram, o que pode ter impacto nos salários. "Poderemos dar aumentos de salários moderados e baseados em inflação prospectiva daqui para a frente. Vamos manter o poder aquisitivo ou até aumentar", afirmou o ministro.

No projeto do Orçamento 2023 enviado ao Congresso, o governo de Jair Bolsonaro reservou R$ 14,2 bilhões para financiar o aumento de salários dos servidores públicos. O percentual de reajuste e as categorias contempladas não constam na proposta. Para o salário mínimo, o projeto de lei orçamentária não há previsão de reajuste além das perdas da inflação.

Teto de gastos

A flexibilização do teto de gastos, segundo o ministro, foi uma opção feita pelo governo para ajudar estados e municípios. “No primeiro ano [de governo], transferimos dinheiro com a filosofia de ‘mais Brasil, menos Brasília’. Reduzimos do governo federal para transferir R$ 20 bilhões para estados e municípios na sessão onerosa. Então, o teto tinha sido mal construído, porque é para impedir que o governo cresça. Nós não estávamos fazendo o governo crescer, ao contrário”, explicou.

O teto de gastos, proposto no governo Michel Temer, foi instituído em 2016, para reduzir o endividamento do país e limitar as despesas da União por 20 anos. Ele define que os gastos ficam limitados à inflação.

"Alguém acha que nós conseguiríamos sobreviver sem ter feito o Auxílio Emergencial e o Benefício Emergencial? Não estávamos inchando o governo. Ao contrário, nós estávamos permitindo que a população brasileira sobrevivesse, mantivesse sua vida, sua alimentação e preservasse seus empregos", afirmou Guedes.

O ministro elogiou o Plano Real, criticou o "excesso de impostos" do país, e disse que faltou à classe política "manobrar" a economia na redemocratização. "Cometemos vários equívocos na política macroeconômica, mas estamos aprendendo ao longo desse processo", afirmou.

Críticas, militância e saci-pererê

Para o ministro, as críticas feitas ao governo Bolsonaro são resultado de militância, não passam de "narrativas políticas", já que, ele afirma, os indicadores econômicos "são positivos". Guedes cita como exemplos desse cenário a queda da inflação e dos índices de desemprego no país. 

Paulo Guedes falou que o país estava “quebrado” quando assumiu o ministério: "As estatais davam prejuízo de R$ 20 bilhões por ano, e agora dão lucro de R$ 180 bilhões. Os que diziam proteger a população brasileira, na verdade, estavam destruindo".

Ele aproveitou para criticar administrações anteriores, e disse que a “América Latina está desmanchando sob os governos de esquerda, o Brasil estava desmanchando. A esquerda mostra intolerância em relação à direita, mas é preciso ter tolerância com os conservadores, com os religiosos, com os patriotas. Durante 12 anos, a democracia no Brasil foi como um saci-pererê, só pulava com a perna esquerda."

Em defesa à permanência do governo atual, ele pediu para todos evitarem um "mergulho no passado". "Não busquem uma volta a políticas econômicas que destruíram a dinâmica de crescimento brasileira. O Brasil já fez a sua transição, de uma economia que estava na miséria para uma economia que está no caminho da prosperidade”, comentou. 

O ministro ainda afirmou que o Brasil é, hoje, uma reserva de biossegurança internacional, visto como garantia de segurança alimentar para o mundo e de segurança energética para a Europa. "Somos um porto seguro para investimentos externos, e vão transbordar grandes marcas de consumo de massa", finalizou.


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