Ibovespa perde fôlego e cai abaixo dos 100 mil pontos pela 1ª vez desde julho de 2022

Ibovespa perde fôlego e cai abaixo dos 100 mil pontos pela 1ª vez desde julho de 2022

Varejistas têm quedas puxadas pela sinalização do Copom, no dia anterior, de haver pouco espaço para corte de juros no país

R7

No ano, Ibovespa apresenta alta de 2,39% ante os 87.887 pontos do último pregão de 2018

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O Ibovespa perdeu o fôlego nesta quinta-feira, 23, e trabalhou abaixo dos 100 mil pontos pela primeira vez em nove meses. Às 12h11, o índice de referência da bolsa de São Paulo, a B3, caía 0,47%, a 99.747,83 pontos. Esse movimento teve as varejistas Magazine Luiza e Via entre as maiores quedas, após o BC (Banco Central) sinalizar, no dia anterior, haver pouco espaço para corte de juros no país.

Um pouco mais cedo, o Ibovespa chegou a 101.125,76 pontos, endossado por Wall Street e refletindo ajustes. O volume financeiro somava R$ 7 bilhões. A queda se acentuou no início da tarde: às 14h10, o índice operava em queda de 1,48%, a 98.739,67 pontos.

Nesta quarta-feira (22), o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC decidiu manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 13,75% ao ano, reforçando que "irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que mostrou deterioração adicional".

Além dos reflexos no custo do dinheiro, o posicionamento da autoridade monetária corrobora o receio de um acirramento da tensão entre o governo e o banco, uma vez que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esperava a redução da Selic e vinha pressionando a instituição.

"No mercado, há a percepção de que a temperatura esquentará ainda mais entre o presidente Lula e o BC, com mais troca de farpas, pressão e críticas, o que pode contaminar o cenário", falou o superintendente da Necton/BTG Pactual, Marco Tulli.

"As medidas recentes do governo vão contra o movimento feito pelo Copom, que foi mais duro do que o governo esperava", acrescentou. O comunicado do BC reforçou a visão de grandes bancos, de que reduções na Selic ficarão para o segundo semestre do ano, possivelmente só para o final desse período.

Para o economista-chefe da Mirae Asset Wealth Management (Brazil) CCTVM, Julio Hegedus Netto, será inevitável o escalonamento das tensões entre a instituição e o Executivo, conforme relatório enviado a clientes nesta quinta.

"Havia um debate em torno de como o BCB iria responder às 'demandas' do governo. Se cedesse, sinalizando redução da Selic neste ano, poderia mostrar perda de autoridade, e se mantivesse uma conduta mais 'hawkish' [comportamento agressivo, incisivo; na economia, indica postura de combate à inflação pelo aumento dos juros], como acabou ocorrendo, seria interpretado como intransigente na defesa da autonomia e atuação como 'guardião da moeda'. Optou pela segunda opção."

Hegedus Netto acrescentou que "a impressão que se tem é que, nesta escalada, quanto mais o governo 'protestar' contra a política de juros, mais o BC deve endurecer, isso, claro se piorarem as expectativas fiscais e inflacionárias".

Ele avalia  que a 'paz' pode ser estabelecida se houver um avanço concreto no encaminhamento do ajuste fiscal, e um arcabouço fiscal consistente e abrangente. Análise técnica do Itaú BBA apontou que, após a queda da véspera, o Ibovespa abriu caminho para mais baixas, em direção aos 97 mil e 95,2 mil pontos. "Existe alguma expectativa para reverter esse cenário? Sim, mas será preciso superar a primeira resistência em 102.500 pontos para iniciar um repique, que poderá estender até os 106.700 pontos.

A partir daí, então, é que veremos um alívio de fato", afirmaram Fábio Perina e equipe do Itaú BBA, em relatório. Para abandonar a tendência de baixa, o Ibovespa precisa ultrapassar os 106.700 pontos, disseram. Nos Estados Unidos, Wall Street tinha uma sessão positiva, o que endossou os ganhos no pregão brasileiro mais cedo.

Alguns destaques

- MAGAZINE LUIZA ON recuava 10,31%, a R$ 3,22, e VIA ON perdia 4,52%, a R$ 1,9; a avaliação é de que a decisão e a sinalização do BC minaram apostas de um alívio no aperto monetário no Brasil, desencadeando um ajuste para cima na curva futura de juros.

- GOL PN cedia 6,77%, a R$ 6,2, e AZUL PN caía 5,29%, a R$ 11,63, afetadas também pela alta do dólar ante o real.

- MINERVA ON avançava 2,74%, a R$ 11,61, após a China concordar em retomar imediatamente as importações de carne bovina brasileira com menos de 30 meses. JBS ON tinha alta de 0,54%, enquanto MARFRIG ON caía 3,12%.

- NATURA&CO ON subia 0,75%, a R$ 13,43, apoiada em expectativas relacionadas a desinvestimento pela fabricante de cosméticos. 

- BRASKEM PNA recuava 3,71%, a R$ 16,85, após divulgar prejuízo líquido no quarto trimestre do ano passado, acima da perda registrada um ano antes. A receita líquida caiu 33%.

- ITAÚ UNIBANCO PN subia 0,04%, a R$ 23,75, enquanto BRADESCO PN abandonou o sinal positivo, registrando declínio de 1,92%, a R$ 12,77.

- PETROBRAS PN cedia 0,34%, a R$ 23,25, apesar da melhora dos preços do petróleo no exterior. 

- VALE ON operava estável, a R$ 81,68, em dia negativo para os futuros do minério de ferro na Ásia. 


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