Impasse ronda a cadeia do carvão

Impasse ronda a cadeia do carvão

Segundo entidade, haveria intenção da Eletrobras de se desfazer de Candiota III

Simone Schmidt

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Estabelecendo comparação entre valores verificados em 2022 e a previsão para 2026, a Eletrobras calcula redução de 41,8% nas despesas com pessoal, material e serviços. No ano passado a empresa destinou R$ 8,8 bilhões para este fim, mas para 2026 projeta menos: R$ 5,1 bilhões. A estimativa, entre outros dados, foi detalhada em evento apenas para convidados e acionistas, o Eletrobras Day, realizado na quarta-feira, mas foi compartilhada pela Comissão de Valores Mobiliários. Para o ano que vem a expectativa é que o custo caia a R$ 7 bilhões. Ao mesmo tempo que a explanação sobre redução de custos era feita, a Associação Brasileira de Carvão Mineral (ABCM) externava preocupação com um tipo específico de energia produzida no Rio Grande do Sul. A entidade afirma haver intenção da Eletrobras de se desfazer de usinas térmicas, principalmente Candiota III.

A Associação afirma que a Eletrobras poderia até fechar a usina se não conseguir vendê-la, e a empresa, segundo a entidade, seria a única térmica a carvão no portfólio, com capacidade de gerar 350 megawatts e abastecer 8% da população gaúcha. A assessoria de comunicação da Eletrobras foi procurada para comentar as informações trazidas pela ABCM, mas até a noite desta quarta não havia manifestação. Criada como sociedade de economia mista, a Eletrobras foi privatizada em junho de 2022.

A ABCM também informou que a cidade tem pouco mais de 10 mil habitantes e que quase metade atua na cadeia do carvão e da energia elétrica, cujas receitas respondem por 40% do orçamento municipal. “Se Candiota III for desativada, teríamos que ampliar a importação de energia para o RS e ficaríamos mais vulneráveis ao sistema de transmissão”, prevê o presidente da ABCM, Fernando Zancan. “Teríamos aumento de custo para os consumidores, visto que Candiota III tem um dos mais baixos custos de geração de energia térmica”, acrescentou, assinalando igualmente que eventual descontinuidade da usina colocaria em risco também a privatização da Companhia Riograndense de Mineração (CRM).

O governo do Estado, por sua vez, informou em nota por meio da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura que atua com cautela quanto aos estudos de eficiência e viabilidade da CRM e ao andamento das medidas adotadas pela Eletrobras. Uma das ações, segundo o texto, será providenciar mapeamento do mercado do carvão no Brasil e no RS, iniciativa que faz parte dos movimentos de transição energética.

Questionado sobre impactos do carvão no meio ambiente, Zancan afirma que é preciso considerar que “não existe” energia limpa. “Todas têm algum impacto”, observa, lembrando, por exemplo, que a fabricação de hélices de parques eólicos gera gás carbônico ao usar o aço que, por sua vez, é produzido a partir da queima do carvão mineral. “E as hidrelétricas têm os alagamentos”, assinala, enfatizando ainda que “o carvão usado nos países desenvolvidos, em cidades como Berlim, Helsinki e Tóquio, tem todos os controles ambientais”. 


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