Indústria gaúcha apresenta desaceleração em junho

Indústria gaúcha apresenta desaceleração em junho

Índice de evolução da produção atingiu 44,9 pontos, a terceira retração consecutiva

Correio do Povo

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Queda na produção e no emprego, além de acúmulo de estoques, foram a consequência de nova desaceleração na indústria gaúcha, em junho, segundo a pesquisa Sondagem Industrial RS, divulgada nesta terça-feira. O índice de evolução da produção atingiu 44,9 pontos, a terceira retração consecutiva da produção industrial, e, nos últimos dez meses, cresceu apenas em março de 2023, terminando acima dos 50 pontos. “Esse recuo no mês passado foi provocado especialmente pela demanda interna insuficiente e pelos altos níveis de juros. De uma forma geral, o empresário gaúcho se sente inseguro diante dessas dificuldades e, para os próximos seis meses, espera uma melhora na demanda, mas sem geração de emprego, demonstrando também pouca disposição para investir”, avaliou o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Porcello Petry. O aspecto positivo da pesquisa ficou por conta da retração nos preços das matérias-primas.

Ao atingir 44,9 pontos, a queda na produção se apresentou mais intensa do que o padrão histórico do mês de junho, cuja média é de 47,8. O emprego caiu pela nona vez seguida, em ritmo também mais intenso que o padrão do mês: o índice do número de empregados foi de 46,4 pontos em junho, contra uma média de 47,1. Os dois índices variam de zero a cem pontos, e os dados acima de 50 indicam crescimento e abaixo, queda na comparação com o mês anterior.

A utilização da capacidade instalada (UCI) cresceu três pontos percentuais, de 67% para 70%, ficando também acima da média histórica de 68,9% do mês de junho. Porém, os empresários a consideram bem abaixo do nível normal para o mês, pois o índice de UCI em relação a usual atingiu 40,7 pontos no mês passado, valor bem inferior ao usual de 50.

Outro aspecto negativo apontado pela Sondagem Industrial está nos estoques de produtos finais, que continuaram crescendo e acima do nível desejado, mesmo com a contração na produção. O índice de evolução de estoques registrou 52,1 pontos no mês e o que leva em consideração o nível planejado pelas empresas, 53,2. Acima dos 50 pontos mostram, respectivamente, que os estoques cresceram em relação a maio e ficaram em patamar superior ao esperado pelos empresários, fenômeno repetido desde setembro de 2021.

Resultado do trimestre 

Na análise trimestral, a Sondagem Industrial da Fiergs mostra que a demanda interna insuficiente, a alta taxa de juros e a elevada carga tributária foram os principais problemas enfrentados pela indústria gaúcha ao longo de todo o segundo trimestre. Enquanto as respostas em relação à demanda perderam força ante o primeiro trimestre, de 45,5% para 42,7%, aumentaram as assinalações sobre a carga tributária e os juros, ambos com 34,4%, vindos, respectivamente, de 28,6% e de 33,3% do trimestre anterior.

A pesquisa detectou ainda que o empresário gaúcho se mostra satisfeito com a situação financeira, mas insatisfeito com relação às suas margens de lucro entre abril e junho. Os dois índices oscilaram para cima entre o primeiro e o segundo trimestre: o de satisfação com a situação financeira, de 49,7 para 50,1 pontos, enquanto a margem de lucro saltou de 43,6 para 44,1, ainda bem abaixo dos 50 pontos.

O acesso ao crédito apresentou uma melhora relativa no segundo trimestre na avalição dos empresários, com aumento do índice em 4,5 pontos (para 40,8) em relação aos três primeiros meses do ano. Apesar disso, o índice indica muita dificuldade para a empresa acessar o crédito. Outro elemento que determinou a evolução relativa da situação financeira das empresas foi a redução nos preços das matérias-primas na passagem do primeiro para o segundo trimestre. O índice de preços registrou 46,7 pontos e, pela primeira vez, desde o primeiro trimestre de 2012, início da série histórica, ficou abaixo dos 50 pontos. Ou seja, os preços caíram.

Para os próximos seis meses, as expectativas oscilaram para cima de junho para julho, porém, os empresários projetam crescimento bem moderado apenas para a demanda: o índice cresceu de 52,6 para 52,9 pontos no período. O emprego (de 48 para 48,6 pontos), as compras de matérias-primas (de 49,1 para 49,4) e as exportações (de 49,5 para 49,4) permanecem projetando pequenas quedas.

Por fim, a sondagem mostra que a disposição da indústria gaúcha em investir pouco se alterou no início do segundo semestre, com a redução do índice de intenção de investimentos recuando de 51,7, de junho, para 51,2 pontos na pesquisa realizada entre 3 e 11 de julho com 192 empresas, sendo 45 pequenas, 60 médias e 87 grandes. Este mês, 53,4% demonstram intenção de investir nos próximos seis meses e 46,6%, não.

 


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