Usinas eólicas no mar devem ser realidade a partir de 2030 no RS

Usinas eólicas no mar devem ser realidade a partir de 2030 no RS

Devido à qualidade do vento fora da costa, investidores apostam na exploração do recurso em unidades offshore

Karina Reif

Cata-ventos no oceano já são comuns no Mar do Norte

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Com 25 projetos em tramitação para licenciar a instalação de usinas eólicas em alto mar, o Rio Grande do Sul se insere no mercado que deve contribuir para o aumento da produção de energia limpa. A  presidente executiva da ABEEólica, Elbia Gannoum, estima que as primeiras usinas na água serão instaladas no Brasil a partir de 2030. Isso porque é necessária a aprovação no Congresso de uma lei que permita a exploração desse recurso em território marítimo (offshore).

“A expectativa é que a legislação seja aprovada ainda este ano e que, em 2024, tenhamos o primeiro leilão de cessão de área”, diz. Depois disso, ainda são cerca de quatro anos de estudos e licenciamento para, mais tarde, começar a colocar os planos em prática. Gannoum avalia que o RS poderá aproveitar um grande potencial, já que, junto com os estados do Nordeste, tem os melhores ventos para essa atividade no país. 

A capacidade dessas unidades em fase de projeto seria de 65,23 mil megawatts, segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Guilherme Sari. Os cenários com cataventos em grandes campos já são conhecidos dos gaúchos que agora podem se preparar para vislumbrar as estruturas no oceano, que já são comuns em lugares como o Mar do Norte. 

Nos últimos dias, uma comitiva de empresários norte-americanos visitou o parque localizado em Osório, indicando a possibilidade de investir na geração de energia limpa na região, mas também em Rio Grande, devido à estrutura portuária que facilitaria as operações. Além disso, a Petrobras anunciou que protocolou pedido de licenciamento ambiental no Ibama para dez áreas marítimas no Brasil onde devem ser instaladas estruturas de energia eólica offshore. Entre esses locais, está Mostardas no Litoral Norte.

O Brasil já domina a tecnologia para o trabalho onshore (em terra), operando 940 parques eólicos em 12 estados brasileiros. Segundo a edição de agosto do informativo Infovento, produzido pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), do total nacional, 80 unidades estão instaladas no RS, com 830 aerogeradores e uma potência de 1,83 mil megawatts.

O coordenador do curso de Engenharia de Energias Renováveis da Escola Politécnica da PUCRS, Odilon Francisco Pavón Duarte, explica que, apesar de os custos serem muito mais altos, é muito vantajoso produzir no campo marítimo. “A qualidade do vento é melhor. Ele é mais laminar e menos turbulento. Como não há obstáculos no mar, o vento é reto”, analisa, acrescentando que na superfície terrestre, por mais amplo que seja, há interrupções.  

O vento oceânico tem mais constância do que o que sopra em terra firme. As árvores, o relevo e os edifícios "desorganizam" a constância das rajadas. Além disso, fora da costa, a velocidade é muito maior. Todas essas características garantem uma intensidade de movimento mais elevada e, por consequência, capacidade de transformar em mais energia.

Outra vantagem é a possibilidade de criar usinas maiores em razão do transporte das estruturas de grande porte ser feito por navios e não por caminhões, como ocorre nos parques terrestres, conforme Duarte. O meio rodoviário limita o tamanho e representa risco de avariar os equipamentos a cada curva. 

Contudo, instalar e operar verdadeiras fábricas dentro do mar representa uma complexidade superior por conta das ondas, da maresia, da necessidade de estabilidade dos geradores, da transmissão específica, da profundidade e da distância. Normalmente, essas usinas ficam de 30 a 50 metros longe da costa. "Mas tem tecnologia para isso e a geração é maior”, salienta o professor da PUCRS. A Petrobras teria vantagem por já dominar a exploração de petróleo a mais de 200 quilômetros offshore. 

Duarte informa também que é preciso considerar o impacto ambiental que, até hoje, não está 100% mapeado. Outro fator importante é a limitação da zona pesqueira. Duarte avalia, contudo, que dentre as vantagens e desvantagens, existe um bom potencial para o Brasil e para o Rio Grande do Sul se tornarem mais verdes com a exploração desse tipo de trabalho. 

Para o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, a demonstração de interesse de empresários no RS é importante para reforçar a meta da transição energética. “A visita de investidores é extremamente importante, tendo em vista que o nosso Estado tem grande potencial para produção eólica, tanto onshore como offshore. Está entre as prioridades do governo como um todo e estamos tentando avançar na área das energias limpas, o que cria a possibilidade de produção de hidrogênio verde que também é nossa prioridade”, afirma. 
 


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