Uso do cartão de crédito cresce 42,4% no primeiro trimestre, mas endividados também aumentam

Uso do cartão de crédito cresce 42,4% no primeiro trimestre, mas endividados também aumentam

Brasileiros têm usado forma de pagamento para compras do dia a dia 


R7

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Fazer compras pela internet é cada vez mais comum: além dos sites e aplicativos de lojas, hoje é possível fazer isso por meio das redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas. O que todos eles têm em comum é a forma de pagamento prioritária, o cartão de crédito, que também é o favorito nos serviços de carros com motorista.

Com o aumento de 26,8% das vendas no comércio eletrônico no Brasil em 2021, apurado pela empresa de pesquisa de mercado eMarketer, o uso do cartão de crédito também cresceu. Foi registrada taxa de 36,6% na comparação com 2020, tendo sido o meio de pagamento que movimentou os maiores valores do ano passado, R$ 1,6 trilhão, segundo dados da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços).

A mesma instituição informa que, nos primeiros três meses de 2022, os pagamentos com cartão de crédito cresceram 42,4%, em comparação com o período de janeiro a março do ano anterior. No trimestre, mais de R$ 470 bilhões foram movimentados com esse meio de pagamento.

“Observamos que as pessoas têm usado mais o crédito para compras de rotina, como no supermercado, restaurante, farmácias, mercearias. Até então, o cartão era o preferido para compras de maior valor agregado e, agora, passou a ser o principal meio de pagamento do brasileiro", diz Wellington Alves, CEO da Trigg, fintech do setor financeiro.

Ele se refere ao resultado de um estudo realizado pela empresa entre os dias 11 e 18 de abril, 5.376 entrevistados, dos quais 69% disseram ser essa a principal forma de pagamento escolhida nas compras. Além disso, a pesquisa mostra que 82% disseram estar usando mais o cartão de crédito em 2022 do que usaram em 2021. 

Liao Yu Chieh, educador financeiro do C6 Bank, diz que não se pode afirmar que o cartão de crédito seja o meio de pagamento mais usado do país, porque cerca de 80% da população economicamente ativa não tem acesso a ele. "Sabemos que o cartão é muito utilizado e, se for bem usado, oferece muitas vantagens. O benefício principal, obviamente, é não precisar carregar dinheiro, o que garante segurança pessoal e segurança operacional, na movimentação de grandes valores", afirma o especialista. 

A segunda vantagem, de acordo com Liao, está na pontuação, nos programas de milhagem, que rendem prêmios. "Em terceiro lugar, vem a questão do controle financeiro, porque é possível acompanhar os gastos pela fatura, e pisar no freio se estiver indo além do limite. O quarto benefício é pagar todas as contas de uma só vez,  o que, juntamente com a quinta vantagem, que você poder prorrogar o pagamento das suas compras, possibilita até se organizar para ter algum rendimento enquanto o dinheiro fica parado", explica.

Empréstimo

O educador diz que essas cinco vantagens só beneficiam as pessoas que fazem "bom uso" do cartão de crédito. "Ele se torna um problema para quem não tem disciplina, vira uma arma terrível. Tem gente que vê o crédito como um dinheiro extra, um complemento do salário, e gasta sem ter como pagar. Daí entra no rotativo e o pagamento vai ficando sempre para o mês seguinte. Mas esse é o crédito mais caro do mercado", diz Liao.

Isso acontece porque é o "empréstimo" mais fácil e simples de pegar, pois não é preciso dar nenhuma garantia para o banco. O cliente tem que apenas pagar o mínimo da fatura. Como o risco de inadimplência é muito grande, os juros são mais altos.

Além disso, a possibilidade de parcelar compras no cartão, hábito bem brasileiro, pode confundir alguns usuários menos disciplinados. "Nos estudos de finanças comportamentais, é sabido que, se você paga uma conta aos pouquinhos, você não sente que está pagando, mas quando paga de uma vez só, daí sente o tamanho real da despesa", conta o educador financeiro. Ele diz que a cultura de parcelar compras é uma tradição nacional, que surgiu com os carnês, quando grande parte da população recebia um salário não permitia comprar produtos como fogão, geladeira. "Foi uma solução do comércio, que teve de se adaptar."

Endividamento

O cartão de crédito é, hoje, o principal motivo das dívidas das famílias brasileira. Em abril, o percentual de endividados chegou a 77,7%, maior nível desde o início da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência), realizada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) desde janeiro de 2010, há 12 anos. Entre as famílias endividadas, 88,8% têm dívidas com o cartão.

Liao afirma que isso é reflexo da falta de educação financeira e, até do desconhecimento de matemática. "O consumidor indisciplinado não deve ter cartão de crédito, não pode parcelar compras. Quanto mais opções tiver, maior é a chance de fazer mal uso. Ele precisa aprender a usar direito primeiro,para não se complicar nem ter prejuízo".

Para explicar como deve ser o comportamento, o educador faz a seguinte analogia: "a gente deve enxergar o cartão de crédito como uma faca, que pode ser usada para cortar bife e legumes: uma faca usada para o bem é super útil, é uma ferramenta indispensável, mas ela também pode ser usada para ferir, machucar. Na hora de usar o cartão, é a mesma coisa, é preciso ter consciência na hora de usar, saber fazer bom uso. Gerir bem as finanças, muitas vezes, significa saber que é melhor ficar longe da faca". 


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