Facebook pode ser processado na Grã-Bretanha por não remover pornografia infantil

Facebook pode ser processado na Grã-Bretanha por não remover pornografia infantil

Imagens referentes a terrorismo também foram mantidas, potencialmente de forma ilegal

Correio do Povo

Evidências apuradas pelo jornal The Times serão entregues à Agência Nacional de Crime

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O Facebook pode sofrer um processo criminal na Grã-Bretanha por se recusar a remover conteúdos potencialmente ilegais referentes a terrorismo e pornografia infantil. A informação foi revelada nesta quinta-feira pelo jornal inglês The Times.

Conforme a publicação, o Facebook falhou em tirar do ar dezenas de imagens e vídeos que foram "marcados" por seus moderadores, incluindo uma gravação do Estado Islâmico mostrando uma decapitação, desenhos animados violentos, um vídeo de uma aparente agressão sexual a uma criança e cartazes de propaganda glorificando recentes ataques terroristas em Londres e no Egito. Em vez de remover o conteúdo, os moderadores teriam justificado que os posts não violavam os "padrões comunitários" do site e boa parte do material continuou online. No entanto, foi apurado que os algoritmos da rede social teriam até promovido algumas destas postagens, sugerindo que os usuários entrassem em grupos e perfis que o publicaram.

Como parte da reportagem, o Times diz que também criou um perfil falso na rede social para investigar os conteúdos, uma vez que ela estaria sendo amplamente criticada por permitir que jihadistas, criminosos e pedófilos prosperassem. Esses criminosos seriam incentivados por um software que lhes permite descobrir "amigos" e grupos com tendências semelhantes. Segundo a publicação, rapidamente apareceram várias imagens censuráveis postadas tanto por jihadistas quanto por pessoas com interesse sexual em crianças. Um analista de controle de qualidade especializado na área de TI foi ouvido pelo jornal e classificou o conteúdo como ilegal pela lei britânica.

O The Times revela ainda que informou a Polícia Metropolitana, que coordena as investigações contra o terrorismo, e a Agência Nacional de Crime (NCA) sobre suas descobertas. As evidências devem ser entregues à agência ainda esta semana e um porta-voz já teria adiantado que avaliaria todo material que recebesse relativo a abuso sexual de crianças. Já um porta-voz da Polícia Metropolitana não soube dizer se o Facebook será investigado.

Yvette Cooper, presidente do comitê de assuntos internos do parlamento britânico, falou ao jornal que “as empresas de mídia social precisam começar a agir rapidamente”. É hora de o governo analisar seriamente a proposta alemã de invocar multas se o conteúdo ilegal e perigoso não for rapidamente removido”, afirmou. No mês passado, o procurador-geral Robert Buckland já havia feito uma manifestação desse sentido, alertando que as empresas de mídia social podem estar quebrando a lei britânica se elas forem "imprudentes" ao permitir que material terrorista permaneça online.

Justin Osofsky, vice-presidente de operações globais do Facebook, deu uma declaração ao Times afirmando que a empresa agradece ao jornal por lhe chamar a atenção sobre a questão. "Removemos todas essas imagens, que violam nossas políticas e não têm lugar no Facebook. Lamentamos que isto tenha ocorrido. É claro que podemos fazer melhor, e vamos continuar a trabalhar arduamente para viver de acordo com os altos padrões que as pessoas esperam corretamente do Facebook”, comentou.

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