Fios caídos após furtos geram preocupação e transtornos em Porto Alegre

Fios caídos após furtos geram preocupação e transtornos em Porto Alegre

Correio do Povo percorreu ruas da cidade e verificou pontos que apresentam problemas

Felipe Nabinger

Cabos caídos na calçada na rua Baronesa do Gravataí.

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Quem percorre as ruas de Porto Alegre já precisou desviar de fios pendurados ou caídos no chão. Em que pese a grande maioria ser de cabos de telefonia e internet, quem desconhece a diferença com os fios de energia elétrica, com razão, teme se aproximar e por isso evita o contato. Correio do Povo percorreu alguns pontos da Capital e observou esse tipo de situação causada por fatores como o rompimento pela passagem de caminhões, fatores climáticos, mas, principalmente, o vandalismo que antecede o furto ou tentativa do mesmo.

Em um ponto da Rua Baronesa do Gravataí, na Cidade Baixa, uma grande quantidade de fios encontrava-se no chão, com veículos estacionados sobre os cabos. No momento em que Correio do Povo passava pelo local, um técnico de uma das empresas de telefonia e internet realizava reparos. O homem, que pediu para não ser identificado, atua com esse tipo de manutenção há 13 anos.

“Semana passada fiz três instalações, chego aqui e tenho essa ‘surpresa’. Vou ter que refazer tudo”. Segundo o técnico, o rompimento dos cabos foi obra de vandalismo e busca pelo cobre, existente no cabeamento, para venda irregular. “Esses cabos estão assim no mínimo a uma semana. As pessoas se assustam, não sabem se é de energia ou de internet e televisão”, afirma o administrador de empresas Marco Aurélio Villanova, 42, que passava pelo local.

Na rua José do Patrocínio, próximo da esquina com a Luiz Afonso, no mesmo bairro, um fio está pendurado na altura da cabeça de ciclistas que utilizam a ciclovia. “Há três meses tive que eu mesmo limpar os fios que estavam no chão. As pessoas e os carros passavam enrolados nos fios. Levam meses para arrumar”, diz Celso da Silva, 62, proprietário de uma loja de móveis do outro lado da rua. Para ele, um dos principais problemas são os caminhões que passam pela via, arrebentando a fiação.

Situações semelhantes foram encontradas também na rua Voluntários da Pátria e avenida A.J. Renner, no bairro Humaitá, na zona norte da cidade, e também no centro histórico, como na rua Espírito Santo, na esquina com a catedral, por exemplo. Procurada, a Secretaria Municipal de Serviços Urbano (SMSurb) informou que o reparo ou retirada dos fios é de responsabilidade das empresas que prestam os serviços.

Conforme dados da secretaria Municipal de Segurança (SMSEG), somente nos quatro primeiros meses foram registradas 28 ocorrências de fios e cabos na Capital. O número, em um quadrimestre, representa mais de 40% do total do ano passado, em 12 meses, quando foram 68 casos.

Patrulhamento, dificuldade e prisões

O comandante da Guarda Municipal, Marcelo do Nascimento Silva, afirma que desde que houve o aumento da incidência dos casos de furtos de fios e cabos em Porto Alegre estão sendo realizadas operações integradas, envolvendo forças policiais e outras pastas do poder público, buscando coibirmos e atacar esse problema. Ele garante que houve aumento na patrulha ostensiva.

“A maior dificuldade é a demanda. Temos uma vasta rede de cabos e fios na cidade. Não é um crime que tem um local específico de incidência, acontece na cidade inteira”, explica. O comandante Nascimento reforça que há o apoio da tecnologia e do videomonitoramento no combate aos furtos e vandalismo envolvendo fiação em parques, praças e locais de grande incidência.

Nascimento aponta a causa do aumento de número de casos ao preço do cobre. “Acreditamos que o valor comercial desses equipamentos seja um atrativo para incidência dessa criminalidade”, diz. Além disso, ele lembra dos problemas gerados pelos furtos. “É um tipo de crime que causa danos colaterais. Os furtos ocasionam, por exemplo, o não funcionamento de semáforos”.

Até o final de abril, nove pessoas foram presas por esse tipo de crime, segundo a SMSEG. O número equivale a 39% do total de prisões de 2021, quando 23 pessoas foram detidas em Porto Alegre.


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