Áudios sobre o novo coronavírus geram preocupação na população

Áudios sobre o novo coronavírus geram preocupação na população

Informações alarmistas e por vezes falsas têm sido bastante compartilhadas no WhatsApp

Felipe Samuel

Áudios e mensagens podem gerar desinformação sobre o coronavírus

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Áudios que circulam em grupos na rede social WhatsApp levaram preocupação à população. Em uma gravação, uma mulher que se identifica como pediatra sugere que o número de óbitos e de infectados pelo coronavírus seria maior do que o divulgado pelas autoridades brasileiras. No áudio, a mulher sugere que os casos mais preocupantes seriam de pacientes internados no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Em nota, a assessoria do Hospital informa que o áudio é fake, ou seja, é falso, e esclarece que no começo da manhã de ontem, estavam internados 45 pacientes, sendo 21 confirmados e 24 suspeitos para a Covid-19. Desses pacientes, 7 se encontram na UTI.

Um outro áudio - este verdadeiro - que tomou projeção foi do ortopedista da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Leandro Reckers. No material divulgado, o médico fala sobre as dificuldades que a Itália vem enfrentando no combate a doença e diz que no Brasil a curva de projeção é maior. O áudio, porém, foi bastante compartilhado e causou certo pânico em quem recebeu. Em entrevista ao Correio do Povo, Reckers admitiu que demonstrou uma preocupação maior do que pretendia e que, por isso, a situação tomou proporções maiores. “Não era essa a ideia, a ideia é prevenir”, explicou. Após a repercussão, ele divulgou um novo áudio, tentando transmitir um pouco mais de calma e solicitando que somente este conteúdo fosse compartilhado. “Ninguém vai morrer se a gente fizer o isolamento”, comentou.

Em nota, a SES informa que desconhece a existência dos áudios. Conforme a pasta, o RS não tem registro de óbito por coronavírus. “Autores de notícias falsas estão sujeitos à legislação penal, mediante investigação das autoridades, e ao conselho da categoria. O Estado, por meio da SES, está monitorando a evolução do número de casos em nosso território e tomando as medidas conforme previsto no Plano de Ação”, completa a nota.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) garante que tanto Ministério da Saúde quanto as secretarias estadual e municipal estão adotando medidas adequadas para atenuar o avanço dos coronavírus. De acordo com o presidente da entidade, Eduardo Neubarth Trindade muitas das informações em redes sociais não são verídicas e contribuem para disseminar pânico. “As informações prestadas pelo Minstério da Saúde e pelas secretarias são confiáveis”, garantiu. Segundo Trindade, na segunda-feira o Cremers precisou apurar informação de que um doutorando estaria em estado grave. “O estudante de Medicina estava em quarentena”, afirmou

O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) informa que desconhece a existência dos áudios, mas garante que o ápice da epidemia vai ocorrer até terça-feira, quando as projeções indicam que deve ser confirmado o 50º caso no Estado. O presidente Marcelo Matias reconhece que a 'incidência é sempre maior do que a divulgada, uma vez que 80% dos casos são assintomáticos' mas alerta que o desafio é concretizar ações efetivas para retardar a velocidade do pico inicial da infecção. “Isso não quer dizer que vamos bloquear a infecção, apenas retardar o pico inicial da infecção. O importante é contar com um sistema de saúde capaz de conseguir se preparar para atender a demanda”, acrescentou.

Matias ressalta que o Brasil não pode cometer os mesmo erros da Itália e da China. “A Itália tem um sistema de saúde ruim e atrasou a conduta de isolamento. A China sofreu ônus de não saber da existência do vírus. Houve um surto de uma infecção que não sabiam qual era”, alerta. A favor do Brasil, pesam o conhecimento da doença e o calor que atinge a maioria dos estados. No RS, Matias explica que as medidas adotadas pelo governo, como fechamento de lojas, bares e casas noturnas são positivas. “Grandes viroses têm possibilidade maior de contágio em período de frio. Com essa onda de calor e aumento de temperatura no final de semana, melhora nosso prognóstico”, afirmou.


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