Ômicron XE, XD e XF: o que elas têm de diferente da variante original

Ômicron XE, XD e XF: o que elas têm de diferente da variante original

Novas cepas do coronavírus são recombinantes, uma espécie de cruzamento entre si, e já circulam em diversos países

R7

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Responsável pela maior onda de Covid-19 em quase dois anos, a variante ômicron do coronavírus começa a ter uma série de subvariantes circulando por diversos países. Algumas delas são "irmãs", mas outras são versões híbridas, chamadas de recombinantes. Quando a ômicron foi detectada na África do Sul, em novembro do ano passado, foram identificados três tipos: BA.1, BA.2 e BA.3.

A ômicron, independentemente da subvariante, sempre foi considerada a mais transmissível de todas as variantes do coronavírus. Ela foi imediatamente classificada pela OMS como uma variante de preocupação, juntamente com a Alfa, Beta, Gama e Delta, responsáveis por picos anteriores. A BA.1 foi responsável pela explosão de casos no fim de 2021 e começo deste ano.

Mais recentemente, a BA.2 – ainda mais transmissível que a BA.1 – começou a causar novos picos, especialmente na Europa e também na China. No fim de março, a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou que a BA.2 já representava 86% de todas as amostras sequenciadas. A BA.3 circulou por um tempo na África do Sul, mas não se espalhou mais.

Também constatou-se que as vacinas disponíveis são pouco eficazes na prevenção da infecção pela ômicron, embora mantenham uma boa taxa de proteção contra casos graves e hospitalizações – as pessoas vacinadas costumam ter casos leves.

Versões recombinantes

Com a circulação de outras variantes, especialmente a Delta, começaram a ser detectados coronavírus que eram uma mistura de material genético de ômicron BA.1 e Delta, subvariante que foi batizada popularmente de Deltacron.

Estes vírus recombinantes ganharam o nome oficial de ômicron XD e ômicron XF. Os dois têm diferenças genéticas, mas basicamente possuem a proteína S, que se liga aos receptores de células humanas, da ômicron e o restante do genoma da Delta.

Em entrevista recente ao R7, o virologista José Eduardo Levi, chefe da unidade de biologia molecular da rede de saúde integrada Dasa e pesquisador do IMT-USP (Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo), explicou que os coronavírus recombinantes não são uma ameaça.

"O máximo que esse vírus pode ser é tão ruim quanto a ômicron ou quanto a Delta, que são duas variantes pelas quais a gente já passou. Ele não se torna um monstrinho ou uma quimera pior do que Delta ou que ômicron. Tende a ser, do ponto de vista biológico, muito parecido com a Ômicron mesmo nas questões de transmissibilidade e de infecção, principalmente por resultado da proteína S [spike]."

A ômicron XF, por exemplo, não foi mais detectada no Reino Unido após um surto local em fevereiro, segundo a UKHSA (Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido). Já a ômicron XE é a combinação das subvariantes BA.1 e BA.2. A UKHSA estima que essa cepa seja 10% mais transmissível do que a BA.2, mas um comunicado emitido pela agência em 11 de março fazia ressalvas.

"Como essa estimativa não permaneceu consistente à medida que novos dados foram adicionados, ela ainda não pode ser interpretada como uma estimativa de vantagem de crescimento para o [vírus] recombinante."

Em entrevista, o diretor de emergência da OMS no Pacífico Ocidental, Babatunde Olowokure, afirmou que diante do cenário atual coronavírus "recombinantes surgirão". Segundo ele, o fenômeno "ocorre quando pelo menos duas cepas virais diferentes infectam a mesma célula e trocam genes entre elas". "Continuamos a monitorá-los e como eles estão se desenvolvendo e se espalhando, principalmente em termos de serem mais transmissíveis ou não."


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