"A pandemia ainda não terminou", alerta infectologista

"A pandemia ainda não terminou", alerta infectologista

André Luiz Machado os dois anos de combate à Covid-19 precisam ser lembrados para balizar novas políticas públicas para o sistema de saúde

Felipe Samuel

Para Machado, mesmo com a politização da vacinação, o trabalho dos profissionais de saúde é exemplo para outros países.

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Na avaliação do infectologista André Luiz Machado, que atua no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), os dois anos de combate à Covid-19 precisam ser lembrados para balizar novas políticas públicas para o sistema de saúde. “A gente pode considerar uma vitória da ciência, após dois anos de pandemia, o que nós estamos vivendo agora, nesse momento, em relação à Covid-19. Houve uma diminuição significativa do número de casos confirmados, de óbitos, e da taxa de ocupação de leitos de enfermaria e de UTI", afirma. Ele reconhece que é possível celebrar a data sem esquecer que 'tudo isso foi alcançado' graças à ciência. “E logo a ciência, como a grande responsável por essas conquistas, deve continuar sendo escutada. A pandemia ainda não terminou, a gente precisa manter alguns cuidados”, alerta.

Além de ressaltar a capacidade de resposta da comunidade científica em meio à pandemia, o infectologista afirma que os desafios que se impõem para os próximos meses é a necessidade de comprometimento não só da ciência, mas dos gestores e da população para continuar buscando assistência frente a situações de sintomas de Covid-19. “É preciso continuar buscando os testes mas também buscando fazer sua parte em relação à proteção. Acho que o próximo passo que a gente deve dar para que a gente possa manter a 'cabeça fora da água' em relação à pandemia é que possamos manter uma estratégia junto ao gestor de campanhas de conscientização de imunização. A vacina é segura, eficaz e precisa ser oferecida e aplicada em quase toda a população”, completa.

Para Machado, mesmo com a politização da vacinação, o trabalho dos profissionais de saúde é exemplo para outros países. “Independentemente, do governo, temos um programa de assistência de saúde pública que funciona graças ao comprometimento dos profissionais que integram esses programas, como o Programa Nacional de Imunizações, mais os programas de assistência direta à saúde tanto no nível assistencial hospitalar quanto no nível assistencial de unidades básicas de saúde”, relata. Segundo o infectologista, o próximo passo em relação à pandemia é a 'fase de testar e tratar', como já ocorre nos EUA. Machado explica que os autotestes permitem iniciar tratamentos de uso oral, que ainda não são realidade no Brasil, 'mas já são realidade científica'.

“Tem como objetivo diminuir o impacto da doença e consequentemente diminuir o impacto em relação aos serviços de saúde, porque o que pautou a trajetória da nossa população, da vida das pessoas nos últimos dois anos, foi exatamente o que aconteceu nos serviços de saúde em termos de taxa de ocupação de leitos de enfermaria e de UTI. Então a gente ter uma possibilidade de um autoteste, um teste rápido, consequentemente com resultado positivo, e dar a possibilidade de o indivíduo iniciar um tratamento, também é uma vitória", salienta. Ele destaca também o empenho dos profissionais do SUS. 

Mesmo com avanços significativos, Machado faz uma analogia da pandemia com um campeonato de futebol. “A gente ainda precisa ter humildade e espírito de solidariedade para que, juntos, a gente possa caminhar nessa caminhada que é estimular a prevenção, os exames e os tratamentos de uma forma adequada para a população. A gente tem uma vitória importante, mas na minha opinião o campeonato não está ganho. Para a gente levantar a taça desse campeonato vai depender ainda do esforço da população para que a gente possa juntos conseguir sair de uma vez por todas dessa pandemia”, completa. Para o infectologista, a imprensa também cumpriu papel importante. “Ciência e imprensa puderam levar à população informação idônea, correta e verdadeiramente científica. Isso é importante e a gente tem que ressaltar também”, frisa.


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