Abandono de animais preocupa ONGs no período das festas de fim de ano
Estruturas de acolhimento estão com ajuda voluntária reduzida e falta de comida para cães e gatos
publicidade
As festas de fim de ano são esperadas com angústia pelos protetores de animais. É neste período, quando se celebra a confraternização e o amor ao próximo, que cresce o número de cães e gatos abandonados pelos próprios tutores nas ruas. As justificativas são as mais variadas: "planejamos uma viagem", "tem bebê recém-nascido na casa", "o prédio não permite animais" e, até mesmo, "agora temos um animal de raça". Neste ano em particular, o contexto pandêmico atravessa e intensifica o problema. Ao mesmo tempo, os voluntários da causa animal acumularam, nos últimos dez meses, diversas outras necessidades como a redução de ajudantes, doações em ração e falta de manutenção nas estruturas que abrigam os animais em lar temporário.
É o caso da Raquel Majuna, referência em proteção animal na Grande Porto Alegre, que impulsionou nas redes sociais a campanha "Dezembro Verde" para conscientizar a população de que o abandono é crime, previsto na legislação. No entanto, o apelo não evitou que Majuna recebesse dezenas de mensagens em seu WhatsApp nas últimas semanas. Hoje ela abriga em um sítio 216 cães, 42 gatos, além de cabritos, ovelhas, coelhos, cavalo e boi. "É a época mais difícil do ano. As pessoas saem de férias e descartam os animais. Estamos com mais animais e menos ajuda", lamenta ao telefone ao contar que a maior dificuldade é a falta de ração. A ONG que leva o nome da protetora está de portas abertas para quem quiser fazer uma adoção responsável ou uma doação solidária. Interessados precisam entrar em contato pelo telefone (51) 99772-5406 ou pelo Instagram no perfil @majunaprotecaoanimal
O abandono de animais no Brasil é crime. A fim de combater maus tratos a cães e gatos, o governo federal sancionou, no final de setembro, a lei que prevê, inclusive, prisão de dois a cinco anos, além de multa e proibição da guarda, àqueles que cometerem tal prática. Até então, a pena era apenas a detenção de três meses a um ano, além de multa. Embora não haja estatísticas oficiais, uma estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que mais de 30 milhões de cães e gatos estejam em situação de abandono no Brasil. A orientação da protetora é a do cuidado responsável já que o animal de estimação "é integrante da família".
