Agricultores liberam cancelas de pedágios ao deixar Porto Alegre

Agricultores liberam cancelas de pedágios ao deixar Porto Alegre

Manifestantes da Via Campesina permaneceram três dias no prédio da Receita Federal

Lucas Rivas/Rádio Guaíba

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Milhares de trabalhadores ligados ao movimentos rurais e sociais deixaram, no início da noite desta quinta-feira, o prédio e o pátio da Receita Federal de Porto Alegre. Conforme lideranças da Via Campesina, a desocupação se deu em função do anúncio do governador Tarso Genro da liberação de R$ 100 milhões em aporte financeiro para a agricultura familiar até o fim de 2014, e não em decorrência da decisão judicial que mandou o grupo deixar o terreno. A volta dos manifestantes para o interior gaúcho foi marcada por nova manifestação, quando liberaram cancelas de postos de pedágio.

Pelo menos 100 ônibus deixaram a Capital. Em pelo menos três praças, nos kms 107 e 129 da BR 290, em Eldorado do Sul, e no km 48 da BR 392, as cancelas foram levantadas por uma hora, conforme a Concepa, a Univias e a Ecosul, respectivamente. Sem efetivo suficiente para fazer frente aos manifestantes, as concessionárias orientaram os funcionários a não reagir.

O integrante da coordenação da Via Campesina, Marco Antônio Triervieler, listou as praças onde o protesto deve se repetir: Farroupilha (km 65 da RS 122, administrado pela Univias); Lajeado (km 19,8 da RST 453, também concedido à Univias) e Camaquã (km 301 da BR 116, em Camaquã, controlado pela Concepa). Segundo o ativista, não deve ocorrer confronto para a liberação.

A assessoria de imprensa da Concepa confirmou que sete ônibus levando agricultores passaram pela praça de Eldorado do Sul. Os manifestantes desceram e liberaram as cancelas, perto das 20h. Situação semelhante foi confirmada pela Ecosul, em Rio Grande. A Univias também relatou que, por 14 minutos, as cancelas de Eldorado, já perto da região Carbonífera, foram liberadas pelo grupo.

Ainda durante a tarde, a Justiça Federal de Porto Alegre concedeu liminar em favor da União mandando os manifestantes desocuparem o prédio da Receita Federal. A decisão ocorreu depois que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) determinou à 5ª Vara Federal uma reanálise do caso. Na sentença anterior, a juíza Ingrid Sliwka entendeu que não cabia ao Judiciário interferir e que os órgãos da União tinham meios suficientes para conter excessos e chamar a Polícia, se necessário.

Os militantes ocuparam o prédio na manhã de terça-feira cobrando assistência no campo e o assentamento de pelo menos 2 mil famílias no Rio Grande do Sul. O ato também ocorreu em alusão ao chamado “Abril Vermelho”, lembrando o assassinato de trabalhadores sem-terra em Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996.

Depois de pressionar o Piratini, os trabalhadores foram surpreendidos pelo anúncio do governador Tarso Genro, que apresentou projeto prevendo a liberação à agricultura familiar de pelo menos R$ 100 milhões até o fim de 2014. Ele subiu no carro de som postado em frente ao Palácio Piratini e explicou que R$ 50 milhões serão repassados em verbas do governo estadual e outros R$ 50 milhões em verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Com informações de Wagner Machado.


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