Alteração do tempo e correntes deixam o mar gaúcho mais claro

Alteração do tempo e correntes deixam o mar gaúcho mais claro

Depois de dias de “chocolatão”, Litoral Norte deverá ter período com águas mais claras

Tiago Medina

Mar claro foi o destaque do dia em Imbé

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O mar "caribenho" que presenteou os veranistas do Litoral Norte do Estado nesta quinta-feira, após dias seguidos do tradicional "chocolatão", deve continuar pelos próximos dias em razão da Convergência Subtropical do Atlântico Sul, que está a favor dos frequentadores das praias. Na prática, isso significa um mar de águas mais calmas, translúcido e quente – ao contrário do revolto e escuro "chocolatão" que desde o fim de dezembro se fazia presente nas praia daqui.

Essa mudança quase completa de cenário se deve ao fato de o mar gaúcho – veja só – ser o de maior biodiversidade de mamíferos marinhos da região. “Por causa do clima e da Convergência Subtropical do Atlântico Sul”, explica o professor da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Ênio Lupchinski. E é essa riqueza, tanto de vida no mar quanto de alterações climáticas, – entre outros fatores – que faz o mar “alterar de cor”.

Se o mar esverdeou agora é porque está sob efeito de menos vento e mais quente: “Nos últimos dias, tem uma influência maior das partes mais quentes, da plataforma continental e da água tropical que vem lá do Norte, uma água mais salgada, mais quente e mais pobre de nutrientes, o que não facilita a reprodução das algas que provocam o 'efeito chocolatão'”, esclarece o professor.

De acordo com ele, é a reprodução de uma determinada alga que deixa o mar com o tradicional aspecto mais escuro. Mas isso não é nada ruim: “É necessário que aconteça periodicamente”, frisa o professor, pelo bem da vida no mar gaúcho. “Não causa mal. É importante para um monte de espécies que vivem principalmente na areia. O turista acha feio só porque suja o maiô”, brinca Lupchinski.

Cuidado com água-viva

E se por um lado é bom para o banho e para postagens em Instagram alheio, a água ao estilo mais ao caribenho também tem seus riscos. Facilita, por exemplo, a reprodução de algumas espécies de cnidários, entre as quais as águas-vivas que podem gerar queimaduras nos banhistas. “O mar quente e translúcido faz com que um conjunto de animais completamente diferente possa se reproduzir”, diz o professor Ênio Lupchinski. Não à toa que a vida marinha no Rio Grande do Sul é bastante rica, afinal.

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