Aluno da Ospa protagoniza cena de heroísmo em meio ao temporal

Aluno da Ospa protagoniza cena de heroísmo em meio ao temporal

Jovem músico resgatou senhora em meio à tempestade que atingiu Porto Alegre durante concerto

Carlos Corrêa

Músico da Ospa voltou para prestar socorro em meio ao forte temporal

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O final de tarde do domingo no Jardim Botânico teve cara de filme de terror, quando uma tempestade chegou com força a Porto Alegre enquanto acontecia o Concerto de Primavera da Ospa. Mas também teve uma história de heroísmo em meio a tantos gritos e correria. Quis o destino que o herói fosse o trompetista Renato Oliveira, um jovem de Alvorada, de 19 anos, que estava lá se apresentando justamente por ter sido aprovado em uma concorrida seleção.

Tão logo o concerto foi interrompido em função da tempestade, os músicos e o público correram em busca de abrigo. “Só deu o tempo de pegar os trompetes e sair correndo”, lembra Renato. A frase não traz consigo nenhum exagero, visto que instantes depois, a estrutura do palco cedeu, tamanha a força dos ventos.

Aparentemente, a melhor alternativa era ir para debaixo de uma espécie de camarim improvisado, coberto por uma lona. Por alguns minutos, foi este o abrigo dos músicos e de parte do público. O temporal, no entanto, só ganhava força e não demorou a mostrar que também esta estrutura não resistiria. Renato, ao lado do professor Tiago Linck, estava saindo quando os dois perceberam que Lourdes Teresinha Lima, 70 anos, conhecida da orquestra por servir lanches para os músicos, ainda estava lá. “Pedi para o Tiago ficar com as minhas coisas que eu ia lá ajudá-la”, relembra.

As cenas seguintes, tanto de acordo com Renato como com Lourdes foram de filme de terror. O músico conta que ajudou Lourdes e quando ambos estavam quase saindo, a lona e os ferros começaram a cair. Só houve tempo para um movimento. “Tentei virar o meu corpo para protegê-la. Aí pegou nas minhas costas. A nossa sorte é que eu consegui trazê-la ela para a ponta. Se tivesse ficado no meio, os ferros iam cair direto nela”, recorda. Ainda assim, os dois foram derrubados. “Aquela lona toda nos encobriu. Ele que atinou a gritar por socorro”, conta Lourdes, que depois foi encaminhada para o Hospital de Pronto Socorro para realizdar exames — Renato foi para o Cristo Redentor, mas ambos não tiveram ferimentos graves.

Quase 24 horas depois, a preocupação de um ainda era com o outro. Lourdes não teve novas informações de Renato e vice-versa. Quando cientes de que todo mundo passava bem, enfim veio o alívio. “Foi muito louco. Mas fico feliz em saber que ela está bem”, diz o jovem.


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