Amrigs cobra participação de entidades médicas em proposta antifumo
Entidade defendeu projeto na Câmara Municipal de Porto Alegre
publicidade
A legislação contém, conforme Corrêa da Silva, um problema grave que é a permissão dos chamados “fumódromos” nesses locais. “Estudos demonstram que o ar ali fica mais tóxico. Outra questão é que os próprios garçons ficam expostos a esse ar.” Considerada mudança necessária nas leis federal e municipal antifumo é a definição de fiscalização e penalização a quem descumprir a legislação. “Lei sem penalização torna-se vazia, sem consistência. Assim como a legislação está, ficamos mais na dependência da educação dos fumantes”, observou.
Ele citou como parâmetros leis promulgadas em países como Uruguai, Irlanda do Norte e Inglaterra. O médico destacou que, quando um cigarro é aceso, ele joga mais fumaça no ambiente do que nos pulmões do fumante. “Portanto o ambiente com fumo zero é fundamental para se combater os efeitos do tabaco sobre a saúde dos não-fumantes. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o fumo zero em ambientes fechados é a medida de maior impacto contra o tabagismo”, disse o médico. “Na Irlanda do Norte, por exemplo, depois da proibição de fumar em local fechado, houve queda de 30% no número de infartos.”
Tabaco é responsável pela morte de 5 milhões de pessoas por ano
Segundo informações apresentadas pelo representante da Amrigs, 5 milhões de pessoas morrem no mundo atualmente, vítimas de doenças associadas ao tabaco. Acrescentou que, pelas previsões da OMS, este número vai duplicar em 20 anos. “O tabagismo é uma epidemia nos países pobres e, em especial, nas populações mais pobres”, completou. Corrêa da Silva citou outro número que considera alarmante: “Diariamente, 100 mil crianças começam a fumar, engrossando o contingente de 1,2 bilhão de fumantes no mundo atual.”
O presidente Amrigs, o médico Dirceu Francisco de Araújo Rodrigues, ressalta que os fumantes passivos correm o risco de sofrer dos mesmos problemas que atingem os fumantes ativos. Ele reforçou que as entidades médicas cada vez mais exigirão participação “em todo projeto ou lei relacionada a saúde dos gaúchos”.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) divulgou no início do mês números que indicam que problemas relacionados ao fumo, como câncer e doenças cardiovasculares, são responsáveis por 40% das mortes de mulheres com menos de 65 anos. Dados apontam ainda que as fumantes que tomam anticoncepcionais têm risco dez vezes maior de sofrer ataques cardíacos e embolia pulmonar do que as que não fumam. O cigarro seria responsável também pela diminuição em até 18% da fertilidade feminina.