ANS quer aumentar participação de operadoras na promoção do parto normal
Cada companhia tem ao menos um hospital credenciado no programa que disponibiliza infraestrutura e orientação médica
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Segundo a gerente do programa na ANS, Ana Paula Cavalcanti, a ideia é que, além de incluir mais maternidades no projeto, as operadoras também tenham ações para toda a rede de conveniadas. "Além de expandir, monitorar os resultados no conjunto das suas beneficiárias, fazer indução em toda a rede de maternidades", disse.
Resultados
Em 2017, quando foi implementada a segunda fase do programa, o número de partos normais cresceu 6,3%, com grande probabilidade de não ter as condicionantes que indicariam a necessidade de uma cesárea. Entre as mulheres nos 127 hospitais participantes do projeto, o percentual de partos vaginais chegou a 47%. Entre os itens de classificação usados para identificar as gestantes pertencentes a este grupo estão o número de filhos, a quantidade e posicionamento dos fetos e o período de gravidez.
A metodologia foi desenvolvida pela Organização Mundial de Saúde. As cesáreas desnecessárias acabam tendo efeitos negativos para a recuperação tanto da mãe quanto do bebê. "O que acontece na cesárea desnecessária? Ela é marcada antes do trabalho de parto. A mãe não está preparada, o bebê não está preparado. O pós-operatório da mãe é muito pior do que se ela tivesse um trabalho de parto, e um parto normal", disse a coordenadora do projeto, no hospital Albert Einstein, Rita Sanchez. A instituição é um dos parceiros na construção da iniciativa.
A médica destacou que, segundo a OMS, o número de partos nos quais a cesárea seria o método mais indicado é de cerca de 15%. No entanto, ela afirmou que esse percentual chega a 85% na rede de saúde privada. "A OMS preconiza que nós precisamos só de 15% de cesáreas. Existem várias publicações novas e várias discussões chegando em torno de 20% e 25% como patamar razoável."
Para aumentar o número de partos normais, um dos pontos fundamentais, de acordo com Rita, é mudar o paradigma da cesárea entre os profissionais de saúde. "Fazer a revisão de todos os protocolos. Para aqueles que estão fazendo só cesárea nas últimas três décadas adquirirem novamente confiança no parto normal."
O diretor do Institute for Healthcare Improvement, Paulo Borem, disse que, durante a implementação, do projeto a equipe constatou que, pelo lado das gestantes, é o próprio desenho do sistema de saúde que impulsiona a preferência pelos partos cesárea.
"Percebemos que, na verdade, a maioria das gestantes do início da gestação queriam o parto vaginal, mas mudavam a cabeça a partir do primeiro contato com o sistema de saúde. Como o sistema de saúde foi, ao longo dos anos, sendo desenhado para entregar cesarianas, o sistema de saúde não quer assistir um parto vaginal, porque incomoda toda a estrutura que foi criada em torno da cesariana", afirmou.