Após fim da greve, Correios tentam regularizar correspondências em atraso no RS

Após fim da greve, Correios tentam regularizar correspondências em atraso no RS

Sindicato no Estado diz que atrasos nas entregas são reflexos da falta de pessoal


Jessica Hübler

Mesmo após fim da greve dos trabalhadores dos Correios, ainda há correspondências em atraso

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Após o fim da greve dos trabalhadores dos Correios, seguem os atrasos no Rio Grande do Sul. Além das contas vencidas que estão chegando a conta gotas, o envio de correspondências pessoais também parece estar prejudicado. A moradora do Centro de Porto Alegre, Maria Salete Chiuchetta, contou que o carnê do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) chegou vencido e ela precisou ir até a Secretaria da Fazenda para solicitar um novo boleto.

“Tenho 77 anos e precisei ficar em fila na rua, esperando, para conseguir um boleto com nova data de vencimento e depois efetuar o pagamento, pois já chegou vencido”, disse. Outras contas também não chegaram para ela e também cartas que costuma trocar com um irmão que reside em Santa Catarina. “Ele enviou em setembro e ainda não chegou”, detalhou. “Se os Correios estivessem funcionando, essas situações não teriam acontecido”, declarou.

A situação se repete também em outros bairros da cidade. No Bom Fim, a cozinheira Francisca Sousa afirmou que também não recebe correspondências “faz tempo”. Segundo ela, a alternativa tem sido buscar a segunda via pela internet para não perder as datas de pagamento. “Tive que procurar a imobiliária também para pedir a segunda via do boleto do aluguel, se não tivesse feito isso já teria perdido o prazo”, destacou.

O porteiro Clóvis Lacerda, que trabalha em um edifício no bairro Petrópolis, informou que a maioria das entregas que ele tem recebido são de transportadoras. "Faz tempo que não vejo os Correios por aqui, só chegam envios de empresas privadas mesmo", afirmou. Segundo ele, as ligações dos condôminos para a portaria têm sido frequentes. "Não tenho muito o que dizer, só explico que as contas não chegaram", declarou.

Greve durou 35 dias 

Conforme determinação do Tribunal Superior do Trabalho (TST), acatada pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), a greve dos funcionários dos Correios terminou no dia 22 de setembro, após 35 dias de paralisação. Os trabalhadores estavam parados desde 17 de agosto.

O TST decidiu que os funcionários deveriam receber um reajuste de 2,6%. Segundo a Fentect, a greve foi deflagrada em protesto contra a proposta de privatização da estatal e pela manutenção de benefícios trabalhistas. O sindicato afirmou ainda que deve recorrer da decisão.

Em nota, os Correios informaram que "lamentam os transtornos e seguem adotando medidas visando à normalização de suas operações em Porto Alegre, o que inclui contratações emergenciais, reorganização de equipes e realização de mutirões aos fins de semana". Além disso, destacaram que autorizaram "empregados classificados em grupos de risco realizarem trabalho remoto, inclusive na área operacional".

Os Correios estão à disposição para prestar informações e receber solicitações através de sua Central de Atendimento. A população pode entrar em contato com a Central pelos telefones 3003-0100 e 0800 725 0100 ou pelo site dos Correios.

Sindicato diz atrasos nas entregas são reflexos da falta de pessoal

O Sindicato dos Trabalhadores de Correios no Rio Grande do Sul (Sintect-RS) declarou que "os atrasos que estão ocorrendo nas entregas não estão mais relacionados a greve. Os atrasos nas entregas são de responsabilidade da direção da empresa, que conhece a falta de pessoal, já que desde 2011 não realiza concurso público para o Correios, agravada pelos sucessivos planos de desligamento e agora potencializado pelos afastamentos dos trabalhadores que compõem o grupo de risco da Covid-19".

Além disso o sindicato também reafirmou à população "que a culpa não é do carteiro. Os trabalhadores estão sobrecarregados, se expondo diariamente a um vírus letal para manter os serviços de Correios. Mas a direção da empresa não tem qualquer vontade de solucionar os problemas criados por ela mesmo. Não temos o número de trabalhadores afastados por Covid-19, porque a empresa não trata esta informação com transparência".

Os Correios não se manifestaram sobre a manifestação do Sintect-RS.


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