Após períodos de quedas, PIB cresce 1% neste primeiro trimestre de 2017

Após períodos de quedas, PIB cresce 1% neste primeiro trimestre de 2017

Safra agrícola e produção industrial influenciaram resultados deste ano

Claudio Isaías

Avaliação foi feita pela economista Cecília Hoff, da Fundação de Economia e Estatística (FEE), na Carta de Conjuntura de junho

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O bom resultado da safra agrícola e o nível levemente mais elevado da produção da indústria contribuíram para o crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no primeiro trimestre deste ano, o que interrompeu uma sequência de oito trimestres consecutivos de quedas. A avaliação foi feita pela economista Cecília Hoff, da Fundação de Economia e Estatística (FEE), na Carta de Conjuntura de junho.

Segundo a economista, é prematura a interpretação de que o País começa a sair da crise. “O critério que se convencionou utilizar na mensuração de ciclos, uma recessão se encerra após dois trimestres consecutivos de crescimento. E os resultados do segundo trimestre, embora incipientes, ainda não garantem a hipótese de continuidade da recuperação”, destacou. Conforme Cecília Hoff, a partir de 2015, a economia brasileira entrou numa espiral contracionista, cujo resultado foi uma queda acumulada do PIB de 7,2% em dois anos.

“Na recessão atual, assim como nas demais crises recentes com exceção da recessão que teve início no último trimestre de 2008, o governo brasileiro se viu impelido a adotar políticas fiscais e monetárias contracionistas, apesar de seus efeitos no aprofundamento do quadro recessivo, seja para reduzir o endividamento público, seja para controlar a inflação”, comentou.

Cecília Hoff explicou que a dinâmica da crise atual é diferente. “Nas crises anteriores, havia espaço para aumentar o superávit primário pela ampliação das receitas fiscais, o que permitiu uma consolidação fiscal relativamente rápida. Na crise atual, o ajuste se concentra no corte de gastos, o que implica não apenas que se estenderá por mais tempo, como que possivelmente será ainda mais contracionista”.

A economista disse que, no que diz respeito à política monetária, a recessão atual atingiu as famílias e empresas após um longo ciclo de ampliação do endividamento. “Após um ciclo de crescimento que envolveu certa euforia, e da frustração representada pela queda não prevista no nível de renda, os consumidores e as empresas acabam adotando posições defensivas, mesmo em face de uma maior oferta de crédito”, ressaltou.

Cecília Hoff afirmou considerar lenta e incerta a recuperação da economia brasileira. “A profundidade da crise atual também cobra o seu preço na perda de capacidade produtiva da economia, seja pela falência de empresas, seja pela exposição do estoque de capital e da força de trabalho a um período prolongado de subutilização”, acrescentou.

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