Artesãos são advertidos pela fiscalização sobre pintura no cachorro "Mustafá"

Artesãos são advertidos pela fiscalização sobre pintura no cachorro "Mustafá"

Larissa Leal, do Piauí, ficou assustada com a repercussão e com medo que o cão fosse roubado

Cláudio Isaías

Artesãos que são donos de Mustafá fizeram pinturas de henna, que saem em até dois meses, e enfrentaram críticas e ameaças de moradores de Porto Alegre

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Diante das denúncias recebidas através do telefone 156 da prefeitura sobre a pintura de um cachorro na Praça da Alfândega, no Centro Histórico de Porto Alegre, a equipe de fiscalização da Diretoria Geral dos Direitos Animais (DGDA) foi até o local na manhã desta quinta-feira. Um veterinário fez a avaliação do cachorro Mustafá, de quatro anos, e foi constatado que ele se encontra em boas condições de saúde, sem alergias de pele e com a carteira de vacinação em dia.

O diretor da DGDA, Bruno Wagner, disse que a remoção da tinta, que é natural (henna) e não tóxica, não foi possível de maneira imediata por ser de longa duração - a pintura fica de dois a três meses. "O tutor recebeu uma notificação de orientação com caráter de advertência, indicando que não deve voltar a aplicar a tinta de modo a evitar estresse ao animal ou mesmo ações prejudiciais por terceiros em razão das pinturas", ressaltou.

Caso a situação volte a ocorrer, um auto de infração poderá ser emitido, com possibilidade de perda da tutela do cão. A artesã Larissa Leal, do Piauí, que estava na companhia do marido nas proximidades da sede do Banco Safra, disse que ficou surpresa com a repercussão da história. Ela afirmou que possui 16 cachorros e dois gatos.

"Estamos de passagem pelo Rio Grande do Sul e os bichos andam com a gente. Muitas pessoas nem sabem o nome dele. Resolvemos deixar o cachorro amarrado porque têm pessoas afirmando que vão roubar o animal em razão do fato dele estar sendo vítima de maus tratos", lamentou.

Além do "cão tatuado" Mustafá, a artesã Larissa Leal, do Piauí, tem ainda 16 cachorros e dois gatos e afirma que jamais faria maldades com animais - Foto: Alina Souza

Larissa Leal explicou que ela e o marido jamais maltrataram qualquer animal em suas vidas. "Ninguém precisa dizer para gente o que nós devemos fazer. Somos ativistas e gostamos de bichos", acrescentou. Larissa explicou que "Mustafá" gosta da tatuagem de henna e que muita gente que circula pela Praça da Alfândega aproveita para tirar fotos do cão.

A artesã ressaltou que o cachorro curte o trabalho do casal porque ele se suja bastante na tinta. Larissa Leal lembrou ainda o fato de ter se incomodado com moradores de Rio Grande que acusaram o casal de maus tratos com Mustafá em função da pintura com henna.

A Diretoria Geral dos Direitos Animais informa que todas as solicitações de serviços ou denúncias são recebidas exclusivamente através do telefone 156. A instituição não recebe denúncias através de e-mail ou de redes sociais.

Após a realização do protocolo, a pessoa precisa ficar atenta ao contato telefônico que será realizado pela equipe de fiscalização para identificação do grau de risco e agendamento do serviço. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Smams) dispõe de um centro de fiscalização composto com nove agentes de fiscalização, divididos em cinco equipes de atuação, sendo quatro  equipes formadas por dois fiscais, que atuam na averiguação de denúncias que envolvem maus tratos, falta de higiene, excesso de animais, equinos em áreas privadas, denúncias de estabelecimento comercial irregulares, reclamações e informações e uma equipe formada por um fiscal e uma médica veterinária, responsáveis pelas demandas referentes a acumuladores de animais ou soltos em vias públicas.

As denúncias averiguadas são protocoladas pelo telefone 156, Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, do Ministério Público Estadual, da Polícia Civil e da Brigada Militar.


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