Atendimento no Hospital Psiquiátrico São Pedro vai ser analisado por Ministérios Públicos

Atendimento no Hospital Psiquiátrico São Pedro vai ser analisado por Ministérios Públicos

Simers apresentou denúncia, mas Estado diz que Hospital não irá fechar

Felipe Uhr

Simers apresentou denúncia de precarização do São Pedro. Estado afirma que Hospital não irá fechar

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O Núcleo de Psiquiatria do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (NuPsiq – Simers) entregou, na última quarta-feira, aos Ministérios Públicos Estadual e Federal, uma denúncia de precarização do Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP). A entidade alega que há falta de profissionais, além da falta na prestação de serviços de nutrição, manutenção e lavanderia.

“Existe não só um deficit de funcionários, mas também, de psiquiatras. Fato que coloca em risco o ensino aos médicos residentes, em uma instituição que é referência na formação dos futuros especialistas na área”, argumenta o diretor-geral do sindicato e coordenador do NuPsiq – Simers, o psiquiatra Fernando Uberti Machado. A Secretaria Estadual de Saúde alega que os serviços de nutrição e serviços gerais estão sendo realizados por servidores do Estado e que outras duas empresas irão assumir substituir as empresas afastadas. “Elas haviam participado do processo de licitação e agora foram chamadas e já estão no processo de habilitação de documentos”, explicou a Secretária adjunta Estadual da Saúde, Ana Costa.

Sobre a falta de servidores, ela admite que há um deficit, assim como em outros hospitais. “A gente fez o concurso justamente porque faltam servidores. Um concurso que tem mais de 400 pessoas aprovadas que vão ser chamadas para o hospital e outras áreas em todo o Estado”. Segundo ela, o Estado espera a assinatura do regime de recuperação fiscal, em Brasília, para chamar os aprovados. “É uma questão orçamentária”.

O Simers também critica transferência recente de funcionários para os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs), locais que abrigam pacientes do São Pedro em processo de desinstitucionalização. Para lá, estão sendo encaminhados psicólogos, assistentes sociais e técnicos de enfermagem. “Isso vem acontecendo mesmo com dificuldades de reabrir unidades, como a de dependência química, fundamental para a assistência à população em quem os transtornos causados pelo consumo de álcool e outras drogas vem crescendo, em todo o mundo”, alegou Uberti.

“A gente precisou fazer um remanejo de carga horária mas não houve a retirada de servidores, eles estão fazendo o Serviço Residencial Terapêutico com pacientes de saúde mental. É uma realocação temporária”, explica a Secretária Adjunta. Quanto à Unidade de Dependência Química, ela afirma que por enquanto não há previsão de reativação da Unidade e que a prioridade foi o atendimento de crianças e adolescentes. “Desde que chegamos abrimos mais 15 leitos. Nós priorizamos atender abrir e leitos psiquiátricos para crianças e adolescentes. Essa era uma grande fragilidade, era nossa meta. O São Pedro é uma referência nesse setor.”

Além disso a Secretaria pretende anunciar nas próximas semanas a Licitação de contratação de mais funcionários para atendimento SRT. “Serão cerca de 80 cuidadores a mais”. O psiquiatra Theobaldo Thomaz, presidente do Centro de Estudos José de Barros Falcão, que é o centro de formação de psiquiatria mais antigo de Porto Alegre, teme o fechamento do São Pedro. “Este Hospital é fundamental para a formação de psiquiatras. E isso está sendo ameaçado por essa decadência”, avalia. Ana nega que haja a intenção de fechar o São Pedro ou de acabar com os serviços. “O São Pedro tem um papel importante na rede hospitalar do Estado, não há essa intenção, pelo contrário”.


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