Atitudes de Bolsonaro na pandemia visam eleições de 2022, afirma Mandetta

Atitudes de Bolsonaro na pandemia visam eleições de 2022, afirma Mandetta

Ex-ministro da Saúde chamou de "politicagem" e "diversionismo" insistência do presidente em tratamento com a hidroxicloroquina

Samantha Klein / Rádio Guaíba

Mandetta considera que atitudes de Bolsonaro visam eleições em 2022

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O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta disse hoje que a estratégia do presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia do coronavírus vem tendo como foco central as eleições de 2022. O ex-titular da Pasta da Saúde também ressaltou que não há clima para impeachment e que a cloroquina não passa de uma “cortina de fumaça”. O médico concedeu entrevista ao Esfera Pública, da Rádio Guaíba, desta quinta-feira.

A defesa enfática do presidente à utilização da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, ainda nos primeiros sintomas da doença, é estratégia diversionista, e não uma crença em cura, considera o médico ortopedista. “É politicagem mesmo, essa é uma forma de retirar de cena o debate sobre a responsabilidade por um enorme número de mortes. Ele cria uma cortina de fumaça para que o desastre da estratégia não seja questionado. Assim, o debate fica em torno da cloroquina, que é uma droga qualquer que serviu de passaporte para esse diversionismo político”.

Com a estratégia adotada pelo presidente, o alvo é a eleição de 2022, avalia o ex-ministro. “Ele aposta que venha 2021, venha a vacina e dê tempo para ele se recuperar com o esquecimento das pessoas”, considerou. Mandetta destacou ainda que, diferentemente de Donald Trump, que deve enfrentar as urnas em novembro, o mandatário brasileiro conta com o tempo a seu favor.

Mesmo considerando irresponsável a estratégia do governo federal diante do enfrentamento do coronavírus no País, o ex-titular da Saúde entende que não exista clima para impeachment ao destacar que Bolsonaro “consegue ter uma base de sustentação através da militância do ódio”. Para o ex-ministro, o que vai definir a permanência dele é o eleitor, na urna, em 2022.

Ao mesmo tempo, Mandetta também considerou exagerada a classificação de “genocida” a política de colocar militares na Saúde, feita recentemente pelo polêmico ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. “É muito mais um [presidente] negligente, trata-se de despreparo, não de um genocida. Acho que quem vai julgar é a urna”, completou.


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