Ato público critica anulação do julgamento dos policiais acusados do massacre do Carandiru

Ato público critica anulação do julgamento dos policiais acusados do massacre do Carandiru

Intervenção ocorreu em sintonia com outra ação realizado em São Paulo

Jessica Hübler

Ato ocorreu durante a 62ª Feira do Livro de Porto Alegre

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Entre os prédios históricos do Memorial do Rio Grande do Sul e do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, em meio ao movimento da Feira do Livro, foi realizada, nesta quarta-feira, a intervenção “Carandiru 111”. O ato teve início exatamente às 16h da tarde, exato momento em que a tropa militar invadiu o Carandiru. A ação consistiu na leitura pública dos 111 nomes dos presos assassinados no dia dois de outubro de 1992, na Casa de Detenção de São Paulo. A intervenção ocorreu em sintonia com um ato público realizado em São Paulo pelo artista plástico Nuno Ramos.

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Com folhas A4 estampando o número um, todos os nomes foram lidos pelos participantes. Um dos principais motivos da realização do ato foi a decisão da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, no dia 30 de setembro, que anulou os julgamentos que culminaram com a condenação de 74 policiais militares acusados pela morte dos detentos. O relator do processo, o desembargador Ivan Sartori, acatou a tese os advogados dos policiais militares que alegavam que os réus haviam agido em legítima defesa.

De acordo com o psicanalista e professor do Instituo de Psicologia da Ufrgs, Edson Sousa, o ato foi uma reverberação da ação do artista Nuno Ramos. “Situações como essa são facilmente esquecidas. O nosso dever mínimo é lutar por essa memória”, relatou Sousa. Para o psicanalista, é um absurdo que a Justiça brasileira tenha tomado a decisão de anular os julgamentos. “Ouvimos comentários de apoio e também contrários à causa, o que mostra que muita gente é a favor do que aconteceu. É um retrato importante para saber que se essas coisas acontecem, há um apoio evidentemente em relação a isso”, relatou Sousa.

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