Atraso na entrega de correspondências incomoda moradores de Porto Alegre

Atraso na entrega de correspondências incomoda moradores de Porto Alegre

Transtornos têm afetado pagamento de contas, multas e recebimento de produtos

Christian Bueller

Moradores de Porto Alegre reclamam dos atrasos de entregas de correspondências

publicidade

Enquanto o debate sobre a privatização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) não chega ao seu fim, funcionários e usuários do serviço estão atentos aos novos rumos da instituição, antes chamada de “mais confiável do País”, inclusive em pesquisas. No entanto, há períodos em que a lentidão na entrega de correspondências preocupam os destinatários. É o que ocorre com alguns moradores de regiões diferentes de Porto Alegre, em que a demora chega a dois meses.

Este é o tempo que o bancário aposentado Rafael Klafke espera pelos boletos e revistas que assina, mas não encontra mais na caixinha do correio. “Com exceção do Sedex, não recebo mais nada. Não sei o que aconteceu, se tem a ver com a pandemia. No ano passado já tinha ocorrido”, conta o senhor de 82 anos.

Ele afirma que outras pessoas que conhece passam pela mesma situação. “Tenho um amigo que mora na Cidade Baixa, lá é assim também”. Klafke reconhece que as faturas podem ser impressas por computador, mas que órgãos e empresas precisam entender quem não tem intimidade com a tecnologia. “Meu filho é quem quebra o galho para mim e me ajuda, se não, atrasaria o pagamento das minhas contas. Já temos a limitação de ir aos bancos só com agendamento. É complicado”, lamenta.

“Pouca gente”

Morador da Rua Pedro Chaves Barcelos, no bairro Bela Vista, Luiz Augusto Guimarães esperou cerca de 50 dias para receber um livro didático para a filha, postado na cidade de Taquara no final do mês de fevereiro. “Soubemos que estava em um centro de distribuição dos Correios de Porto Alegre. Primeiro, não localizaram. Depois, acharam, mas disseram que não podiam entregar a pretexto de quem tinham pouca gente”, lembra.

Há poucos dias, ele recebeu a correspondência de uma multa de trânsito ocorrida em 2020, já paga. E, não é o primeiro caso de lentidão na entrega que passou. “Comprei uma camisa pelo e-commerce que durou apenas três dias de Hong Kong até São Paulo. Um dia em Curitiba e demorou 25 dias em Porto Alegre para me entregarem”, recorda Luiz, que prefere comprar de empresas da internet que têm fornecedores próprios de distribuição e não utilizam os serviços dos Correios.

O problema se repete na região central da Capital. Uma moradora da rua Duque de Caxias, que prefere não se identificar, diz que também recebe as correspondências com dois meses de atraso. “Foi assim com o boleto do meu IPTU e com uma carta que meu irmão, que reside em Santa Catarina, me mandou. Ele tem 79 anos e não mexe com informática. Esse tipo de coisa prejudica a população”, reclama.

"Apagão postal”

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios (Sintect-RS), Alexandre Nunes, reconhece o problema e diz que são milhões de correspondências em atraso no Rio Grande do Sul. “Há unidades com 500 mil cartas paradas. E mais, há agências que não entregaram cartas simples este ano, só as especiais”, informa.

Ele lembra do déficit no quadro de funcionários, aumentado com o afastamento de profissionais do grupo de risco da Covid-19, mas que não seria o motivo principal. “Os Correios já não estavam conseguindo levar cartas simples para a rua, chegou a contratar mais de 500 funcionários de uma empresa terceirizada, que foram desligados com o fim do contrato. Agora não sai mais. Tem um apagão postal dos Correios, que está priorizando outras coisas, como o Sedex”, salienta.

Nota dos Correios 

Por nota, os Correios informam lamentar os transtornos e seguir adotando medidas para manter o atendimento à população. “Desde o início da pandemia, a empresa está promovendo diversas ações de proteção à saúde de seus empregados, clientes e fornecedores, o que inclui a autorização para empregados classificados em grupos de risco realizarem trabalho remoto, inclusive na área operacional”, diz trecho.

Segundo a empresa, para agilizar as entregas, são realizadas horas extras, trabalho aos sábados, plantões e reorganização dos processos de trabalho. “Em Porto Alegre, foram realizados plantões nos dias 21 de abril e 1º de maio. A previsão é que a entrega de correspondências seja normalizada nos próximos dias no município”, completa.

Para esclarecer dúvidas, os Correios indicam o contato por meio da Central de Atendimento pelos telefones 3003-0100 (capitais e regiões metropolitanas) e 0800 725 7282 (demais localidades), ou pelo site dos Correios. 


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895