Audiência Pública reúne médicos para debater exigência do passaporte vacinal para acessar locais

Audiência Pública reúne médicos para debater exigência do passaporte vacinal para acessar locais

Especialistas que participaram da audiência pública defendem que as vacinas disponíveis são experimentais e foram implementadas em regime de urgência

Taís Teixeira

Audiência Pública ocorreu na manhã desta quarta-feira

publicidade

A Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo promoveu audiência pública na manhã desta quarta-feira, no Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS). O evento foi em formato híbrido e debateu o Informe Técnico 16/21 do governo do Estado, que determina a exigência de esquema vacinal completo para o acesso de pessoas a eventos e estádios.

Os médicos convidados expuseram porque se posicionam contrariamente à determinação. De forma geral, os especialistas que participaram defendem que as vacinas disponíveis são experimentais e foram implementadas em regime de urgência.

O infectologista Francisco Eduardo Cardoso Alves entende que o passaporte do jeito que está estruturado é um “instrumento fascista de controle social". Ainda, segundo Alves, o grande erro desse cenário é considerar a vacina contra Covid-19 da mesma forma que se trata a vacina para sarampo. "É uma vacina em teste, na primeira versão, sem um ano de implementação, não é esterilizante e não bloqueia a transmissão", diz.

A médica Akemi Scarlett Shiba, questiona o processo de saúde digital, que deve incluir o sistema de blockchain para armazenar informações do paciente. "A sociedade precisa entender essa tecnologia nova e saber de quem serão esses dados”, comenta. Ela também considera que o documento provocará um "apartheid sanitário”, dividindo as pessoas em dois grupos, o que quebra a isonomia. A profissional relata que pessoas com o esquema vacinal completo também estão suscetíveis a contrair novamente a doença.

"Conflito de interesses"

As médicas Nise Yamaguchi e Gracian Li Pereira também participaram da audiência pública. Nise Yamaguchi classifica que o “mosaico vacinal brasileiro” não tem harmonização com os sistemas internacionais. "O conflito de interesse está no cerne dessa questão”, enfatiza.

Gracian Li Pereira usa o que ela denominou como “estupro consciente” ao relatar como se sente diante da obrigatoriedade da vacina. “Se você se negar a ser estuprado, o estuprador vai procurar alguém para isso e você, por não aceitar, vai estar colocando outros em risco”, compara. Ela acrescentou que esse deve ser não apenas um debate médico, mas também ético e moral.

Vaias, críticas e provocações

Houve uma breve divergência entre o público ouvinte, devido à fala do parlamentar, que firmou a sua postura e disse que o governo deveria se preocupar com outros aspectos, como afacilitação do pagamento de tributos atrasados para quem teve prejuízos na pandemia, ao invés de exigir o passaporte vacinal.

A deputada Franciane Bayer (PSB) criticou a exigência do passaporte vacinal para entrar na ALRS e disse que está tomando providências para a retirada dessa condição. Segundo a parlamentar, o passaporte vacinal não garante saúde e nem salva vidas.

O deputado estadual, tenente-coronel Luciano Zucco (PSL), disse que o passaporte vacinal é desnecessário, autoritário e prejudicial. “É medida para beneficiar o candidato a candidato”, provocou, fazendo alusão ao governador Eduardo Leite, que é pré-candidato à presidência da República pelo PSDB. O deputado estadual Eric Lins (DEM), propositor da audiência,  disse que o objetivo foi ouvir avaliação médica.

Menor número de casos desde a vacinação

Embora o passaporte vacinal seja contestado pelo grupo, dados da Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul apontam que o Estado registrou em agosto 697 óbitos relacionados à Covid-19, o menor número desde junho do ano passado, quando houve 440 mortes. Na comparação com julho, quando ocorreram 1.677, foram quase mil mortes a menos no Estado, um recuo de 59%. Ainda que possam sofrer alterações devido às atualizações no sistema estadual, os números demonstram a eficiência da vacinação contra a doença. Os dados evidenciam a eficiência da vacinação.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895