Audiodescritores gaúchos descrevem Rio+20 para cegos

Audiodescritores gaúchos descrevem Rio+20 para cegos

Grupo comanda equipe de 38 pessoas que fazem uma espécie de tradução simultânea do evento

Danton Júnior / Correio do Povo

Irmãs Lara e Graciela trabalham na Rio+20 como audiodescritoras

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Graças ao trabalho dos audiodescritores, os cegos podem entender cada detalhe do que ocorre na Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Uma equipe de 38 profissionais, capitaneada por um grupo de gaúchos que comanda a produtora carioca Lavoro, dedica-se para tornar acessível o conteúdo do evento também àqueles que não enxergam.

O trabalho do audiodescritor é fazer uma espécie de tradução simultânea, descrevendo em palavras as imagens e acontecimentos que são apresentados durante a assembleia. Tudo é transmitido ao deficiente visual por um fone de ouvido, para que ele não perca nenhum detalhe. “Antes de começar a conferência, descrevemos a sala, falamos das características, de como é a mesa, das pessoas que estão chegando”, explica o coordenador da equipe, Fernando Pozzobon, 28 anos, que nasceu em Santa Cruz do Sul, mas vive no Rio de Janeiro há dez anos. Junto com ele trabalham as irmãs Lara e Graciela e mais seis gaúchos. “Quando começa a conferência, paramos de falar para não interromper o entendimento do cego”, detalha o gaúcho.

Além do Riocentro, palco principal da Rio+20, a equipe de audiodescritores atua em outros quatro lugares onde ocorrem eventos paralelos. A descrição é feita em português e inglês. “É fantástico, porque conseguimos incluir um grupo de pessoas em um evento deste porte”, descreve Pozzobon. De acordo com ele, o secretário-geral da ONU para a Rio+20, Sha Zukang, pediu que o evento fosse um modelo de acessibilidade. No entanto, segundo o audiodescritor, o recurso não teve uma grande divulgação. “Como são delegações estrangeiras há poucos (cegos), mas em todas as conferências nós os abordamos e oferecemos a possibilidade da audiodescrição”, acrescenta Pozzobon.

A produtora Lavoro atendia, inicialmente, deficientes visuais que iam ao cinema, descrevendo em palavras detalhes como cenários e figurino, dando ao público a chance de entender cada particularidade do filme, mesmo sem poder enxergar. Para atender a um evento de grande porte, onde não há um roteiro pré-determinado, algumas adaptações tornaram-se necessárias. “Temos de ter uma percepção do ambiente e saber falar frases rápidas. E também saber trabalhar com a voz, tanto a maioria são atores ou atrizes”, observa Pozzobon. O serviço segue sendo prestado até o final da conferência, no dia 22 de junho.

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