Aumenta necessidade de recursos para melhorar rodovias gaúchas

Aumenta necessidade de recursos para melhorar rodovias gaúchas

Pesquisa da CNT aponta piora nas condições das rodovias brasileiras no último ano

Felipe Samuel

RS-020 é uma das rodovias com pior avaliação pela pesquisa da CNT

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Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e pelo SEST SENAT aponta piora nas condições das rodovias brasileiras no último ano. Conforme o estudo, apresentado nesta terça-feira, o estado geral da malha rodoviária apresenta problemas em 59% da extensão dos trechos avaliados. No país, seriam necessários R$ 38,6 bilhões para reconstrução e restauração das rodovias brasileiras. No Rio Grande do Sul, o cenário se repete, com a maioria das rodovias avaliadas (59,3%) como regular, ruim e péssima. Para mudar essa situação e evitar reflexos nos custos do transporte, segundo a CNT, seriam necessários R$ 4,89 bilhões para realizar serviços de restauração e reconstrução, consideradas ações emergenciais, dos 8,9 mil quilômetros da malha gaúcha.

Além disso, para manutenção de 3,8 mil quilômetros, seria preciso investir mais R$ 1,16 bilhão, totalizando R$ 6 bilhões apenas em obras de recuperação. Duas rodovias gaúchas se destacam negativamente na pesquisa: a RS 466, no km 7, em Canela, e a RS-640, no km 65, em Rosário do Sul, cujos trechos estão em péssimo estado de conservação. A pesquisa aponta ainda que o RS figura na lista das 10 piores ligações rodoviárias: na BR 158 (Santana do Livramento) e nas RS-241 e RS-640 (São Vicente do Sul). O levantamento - que avaliou as condições de toda a malha federal pavimentada e dos principais trechos estaduais pavimentados - revela que o número de pontos críticos ao longo dos mais de 108 mil quilômetros pesquisados no país aumentou 75,6%, passando de 454, em 2018, para 797, em 2019.

A pesquisa mostra que 17 rodovias, entre as quais as ERSs 020 e ERS 030, estradas que conectam a Capital ao Litoral Norte, foram avaliadas como ruim, e outras 29 como regular. Conforme o levantamento, a malha rodoviária gaúcha apresenta quase 10% do total, com 78 pontos críticos. O RS é o terceiro estado com maior número de pontos críticos, ficando atrás somente do Maranhão, com 213, e do Ceará, com 106.

Dos 639 trechos com buracos grandes no país, 69 estão localizados em rodovias gaúchas. Coordenador de Estatística e Pesquisa da CNT, Jefferson Cristiano explica que os pesquisadores observaram piora no estado da maioria das rodovias. "A gente percebeu aumento muito grande de buracos grandes. Não é algo que aconteceu agora, o buraco grande é algo que já vem de um longo período de baixo investimento. A partir do momento que não teve intervenção no momento certo, o resultado é a formação de um buraco grande", destaca.

Cristiano alerta que no ano passado o levantamento apontava a necessidade de investimentos de R$ 2,4 bilhões nas rodovias gaúchas - metade do apontado na pesquisa atual. "Como não foram feitos investimentos necessários, a tendência é piorar e aumentar o número de pontos críticos", frisa.  A pesquisa aponta que 52% da malha rodoviária federal gaúcha - de um total de 5,7 mil quilômetros - é avaliada como ótima ou boa.

Em contrapartida, dos 3 mil quilômetros de rodovias estaduais, 81% são considerados péssimo, ruim ou regular. Conforme a pesquisa, o custo total dos acidentes em rodovias federais no estado, em 2018, foi de R$ 581 milhões. O levantamento também aponta que 49% do pavimento avaliado é considerado péssimo, ruim ou regular. A pesquisa revela que a sinalização é considerada péssima, ruim ou regular em 52,5% da extensão avaliada.

De acordo com o levantamento, as inadequações do pavimento resultaram em uma elevação do custo operacional do transporte em torno de 28,5%, em média, no país, com destaque para a região norte, que registrou aumento de 38,5%. 

Resposta da Secretaria de Logística e Transportes

Reconhecemos que o Estado ainda tem muito o que avançar para desenvolver sua infraestrutura rodoviária. O reflexo disso é sentido por toda a sociedade. No entanto, estamos trabalhando com foco e seriedade para implantar as melhorias necessárias.

Apesar da difícil situação financeira que o Rio Grande do Sul enfrenta, conseguimos disponibilizar R$ 301 milhões este ano para melhorias em estradas, sendo R$ 170 milhões do Tesouro para pavimentação e recuperação de vias no interior e R$ 131 milhões financiados pelo BNDES para concluir a duplicação da ERS-118, na Região Metropolitana.

Diante desse cenário desafiador, precisamos de criatividade, inovação e, principalmente, parcerias. Já demos início ao processo de concessão de duas das principais rodovias da malha estadual, a RSC-287, entre Tabaí e Santa Maria; e a ERS-324, entre Nova Prata e Passo Fundo. Além disso, estamos buscando, junto à bancada federal gaúcha, recursos de emendas parlamentares para concluir acessos municipais, e firmamos termos de cooperação com municípios, para que as prefeituras realizem obras de melhorias em estradas, com a devida fiscalização do Estado.

Todas essas iniciativas são soluções para avançarmos em busca do crescimento e da competitividade do Rio Grande do Sul, apesar desse cenário de crise.


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