Aumento dos combustíveis impacta bolso da população de Porto Alegre

Aumento dos combustíveis impacta bolso da população de Porto Alegre

Reportagem constatou preços variando de R$ 6,26 a R$ 7,29 na Capital

Felipe Nabinger

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Os impactos do reajuste dos combustíveis já ecoam no bolso dos consumidores em Porto Alegre. Os valores da gasolina e do diesel subiram em praticamente todos os postos nesta sexta-feira na Capital, em alguns casos com valores ultrapassando R$ 1 por litro, sendo que alguns deles já aumentaram preços na quinta-feira. Circulando pela cidade, a reportagem do Correio do Povo constatou variação de preços ente R$ 6,26 e R$ 7,29 na gasolina comum, sendo o valor mais recorrente cobrado neste tipo de combustível R$ 6,99 o litro. 

Em um dos locais aplicando esse preço, na avenida Aparício Borges, o marceneiro e proprietário de uma empresa de móveis planejados Frederico Machado, 49, abastecia dois veículos, um deles dirigido por um funcionário. Evitando aumentar valores cobrados aos clientes durante a pandemia, ele acredita que precisará aplicar o custo extra com a gasolina no que será cobrado pelos móveis. “Incide direto no nosso trabalho. Onera para o meu cliente porque vamos ter que repassar. Tenho duas caminhonetes rodando e mais dois carros particulares”, explica.

Na esquina das avenidas Cavalhada e Vicente Monteggia, outra prestadora de serviços reclamava dos novos valores. “Esse aumento foi pesado. Eu sou autônoma e muitas obras já estão orçadas. Não tenho como repassar o reajuste e perco dinheiro”, disse Bruna Santos, 37, que trabalha com serviços de pintura. A placa, usada como chamariz, trazia o valor de R$ 6,89 como sendo promocional. “Ontem estava a mesma placa de promoção, mas por R$ 6,29. Achei estranho porque anteontem era R$ 6,19. É uma promoção que aumentou”, observa.

Depois de quase dois meses sem reajustes, a Petrobras decidiu aumentar os preços de venda da gasolina e do diesel às distribuidoras. Além da gasolina, que ficou 18% mais cara para as distribuidoras, o diesel teve aumento de 25%. O gás de cozinha, ou GLP, também subiu 16%. 

Gasolina chega a R$ 7,29

Na Avenida Assis Brasil, no estabelecimento com maior valor encontrado, a gasolina comum custava R$ 7,29 e a aditivada R$ 7,49 o litro. O proprietário, Bruno Mengue, 27, afirma que somente repassou o aumento na refinaria, que foi de 18%. Na quinta, os valores cobrados eram R$ 6,29 e R$ 6,49, respectivamente. Mostrando a nota fiscal da compra dos combustíveis, Mengue salientou que o valor da gasolina comum subiu de R$ 5,80 para R$ 6,60 para o posto. 

O proprietário frisa que há restrição de compra e teme que falte combustível. Ele solicitou à distribuidora 20 mil litros de gasolina, no entanto recebeu somente 10 mil. “O medo é não normalizar a entrega e poder faltar o combustível. Acho que isso pode acontecer. Foi a primeira vez que chegou menos combustível do que pedi”, afirma. Ele diz que na quinta-feira, ainda com preços antigos, a gasolina comum havia acabado à tarde e a aditivada por volta das 22h30min.  

Representante comercial da indústria farmacêutica, Filipe Almeida, 37, abastecia no local. “Não tenho tempo de ficar pesquisando onde é mais barato pois R$ 0,10 não compensaria o tempo e quanto eu rodo neste tempo”, explica. Ele lamenta o aumento e os impactos trazidos. “Qualquer aumento impacta muito no financeiro. Ficamos reféns disso e vai prejudicar bastante”, projeta.

Procon analisa denúncias

Na avenida Assis Brasil, outro posto aumentou em R$ 1,02 o preço do litro da gasolina. De R$ 5,83 na quinta-feira, o valor saltou para R$ 6,85 por litro. O diretor executivo do Procon de Porto Alegre, Wambert Di Lorenzo, diz que o órgão recebeu denúncias quanto aos aumentos e está investigando. As apurações vão checar se houve vantagem excessiva e elevação de preços sem justa causa. 

Wambert ressalta que Agência Nacional do Petróleo (ANP) desde 2002, com a Lei do Petróleo, autoriza a liberdade na definição de preços em todas as etapas da comercialização de combustíveis e demais derivados de petróleo. Com isso, não há tabelamento, nem fixação de valores máximos e mínimos. A prática de livre mercado também se baseia na Lei da Liberdade Econômica, de 2019, o que limita o trabalho das unidades do Procon.

Apesar disso, o fornecimento de qualquer produto ou serviço estará sujeito às leis de defesa do consumidor. “Sempre condenei a indústria da multa. Mas estamos investigando e, se ela for justa e necessária, será aplicada”, afirma.

Filas em posto que manteve preço

Embora a grande maioria dos postos tenha apresentado aumento entre quinta-feira e hoje, alguns mantiveram o valor antigo, proporcionando filas. Esse cenário foi encontrado, por exemplo, em um estabelecimento na avenida Diário de Notícias. O posto amanheceu com o valor de R$ 6,26 pelo litro da gasolina comum, mesmo do dia anterior conforme constatado pela reportagem que esteve no local nos dois dias.

“Sempre abasteço aqui por ser um dos postos com valor mais acessível”, garante o comerciário Adecir Berli, 50. Mesmo assim, Berli afirma que está muito difícil encher o tanque. “A Petrobras é mal administrada. É muito complicado pra população que precisa do combustível todos os dias”, disse. A diarista Rosângela Schinoff Duarte, 50, foi ao mesmo local na noite de quinta-feira. “A fila estava gigantesca e fui embora. Mas hoje entrei na reserva e tive que vir”, explica. Ela aguardou cerca de 20 minutos na fila nesta sexta. 


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