Autoridades estaduais e municipais condenam declaração de ministro sobre toxoplasmose
Resultados sobre exames feitos em Santa Maria demoram até 20 dias para ficarem prontos
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Occhi foi taxativo ao afirmar à Rádio Gaúcha que o surto foi causado pela contaminação da água. A afirmação do ministro, contudo, não chegou a ser confirmada pelo Ministério da Saúde que, em nota, informou que as investigações sobre as causas do surto seguem e que “uma das conclusões é a possível fonte de infecção pela água”. Não descartando outras possibilidades, como a contaminação de hortaliças.
Em entrevista ao Correio do Povo, o secretário Francisco Paz disse que a afirmação do ministro foi “infeliz” e que mantém sua fala de ontem: as causas do surto de toxoplasmose em Santa Maria ainda são desconhecidas. “Os resultados das análises que eu tenho deram todos negativos, os do Estado e os do Ministério. Ele (Occhi) tentou simplificar a questão, que é difícil”, ressaltou.
A secretaria está aguardando, inclusive, resultados de exames que estão sendo analisados pelo Ministério da Saúde. As coletas foram levadas na segunda-feira, à Brasília, pela comitiva de técnicos do governo federal, que esteve em Santa Maria. Os resultados demoram de 15 a 20 dias para ficarem prontos.
Após a repercussão da fala do ministro, o prefeito de Santa Maria Jorge Pozzobom (PSDB) convocou uma coletiva de imprensa, onde classificou como “irresponsável” a entrevista. “A colocação precipitada está gerando pânico na população”, reforçou o prefeito, que ainda convocou o ministro da Saúde a ir até Santa Maria.
Pozzobom ainda questionou a equipe do Ministério da Saúde que estava desde 16 de abril em Santa Maria. “Os técnicos do Ministério (da Saúde) saíram de Santa Maria e nada falaram. Então os técnicos nos sonegaram informação”, ressaltou o prefeito.
Surto está encerrado
O secretário da Saúde ressaltou ainda que o surto de toxoplasmose está encerrado. O último caso foi registrado foi no dia 10 de maio. Contudo, “o surto existiu e a doença existe sempre no nosso meio ambiente”, por isso a importância de determinar a causa da transmissão. “Alguma coisa fez com que a população entrasse em contato com a doença de forma mais aguda”, declarou.
Coletas de amostras de água já foram realizadas na estação de tratamento de água, em reservatórios públicos e particulares, em açudes que fornecem água para cultivo de verduras e, inclusive, nas residências de pessoas que tiveram as doenças. “Até o momento não recebemos nenhum resultado de exame que positivasse a presença da doença aqui ou ali”, ressaltou.
A forma mais comum de contrair a toxoplasmose é pela ingestão de carnes cruas ou pouco cozidas – como salames e linguiça – ingestão de água ou leite não fiscalizado. A contaminação também pode se dar pelo oocisto do parasita (local onde o parasita se desenvolve) – que se encontra nas fezes de gatos doentes.