Avião com pesquisadores resgatados da Antártica chega a Pelotas

Avião com pesquisadores resgatados da Antártica chega a Pelotas

Voo que partiu do Chile faz escala final no Rio de Janeiro

Luciara Schneid / Correio do Povo

Voo que partiu do Chile faz escala final no Rio de Janeiro

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O avião da Força Aérea Brasileira (FAB), C-130 Hércules, aterrissou em Pelotas por volta das 21h, na noite deste domingo. Desembarcaram quatro pesquisadores que estavam entre as 59 pessoas presentes na base, no sábado, quando um incêndio destruiu cerca de 70% das instalações da Estação Comandante Ferraz, na Antártica.

A viagem prosseguiu rumo ao Galeão, no Rio de Janeiro, por volta das 22h15min, com outras 41 pessoas, a maioria pesquisadores, 12 funcionários do arsenal da Marinha do Rio de Janeiro, um alpinista e representante do Ministério do Meio Ambiente. A viagem deveria durar ainda duas horas.

Entre os pesquisadores que desembarcaram em Pelotas, estava o biólgo da Unisinos César Rodrigo dos Santos, de 36 anos, e a esposa Gabriela Werle, que seguiram de carro para São Leopoldo. Outra gaúcha que desembarcou em Pelotas foi a bióloga Aparecida Basler, também da Unisinos. Santos estava na estação pela oitava vez e relatou que perdeu todos os seus objetos pessoais e material de pesquisa, que ficaram dentro da estação. Ele só conseguiu recuperar uma máquina fotográfica e um computador. Ele lamentou a morte dos dois militares, pois eram pessoas com quem convivia diariamente, pois prestavam apoio aos pesquisadores.

Ele lembra também o prejuízo científico, pois a Unisinos trabalha com pesquisa sobre aves marinhas na Estação há pelo menos 30 anos. “Todo o trabalho deste ano foi perdido e ficará com dados imcompletos”, diz. Segundo ele, a maioria dos pesquisadores realiza trabalhos de mestrado e doutorado. Outra gaúcha que veio com o grupo, mas seguiu para o Rio de Janeiro, onde mora há sete anos, é Erli Costa, 33. Bióloga formada pela Unisinos, ela realiza doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e estava na Antártida pela nona vez, a primeira vez que esteve lá foi em 2004. A pesquisadora natural do município gaúcho de Erval Grande, conta que perdeu todos os seus pertences pessoais, inclusive roupas, e ficou só com a roupa do corpo.

Tanto ela quanto o biólogo César relataram os momentos de angústia vivido pelo pessoal da base, principalmente pela perda dos dois amigos, militares, que entraram no local do incêndio a fim de combater as chamas e não saíram vivos. “Eu estava dormindo quando escutei o barulho do pessoal mas pensei que era brincadeira e fui para o banheiro, mas então veio o alerta para que abandonássemos a estação e fomos para um laboratório externo, onde aguardamos o socorro”.

A carioca Adriana Rodrigues, 23, estudante do 8° semestre de Biologia da UFRJ, estava na estação desde o começo deste mês, e realizava estágio no laboratório responsável pelo projeto de pesquisa em aves marinhas. Ainda chocada com o ocorrido, lamentou a perda dos amigos e ainda, o trabalho de um mês inteiro.

O contra-almirante Marcos José de Carvalho Ferreira, gerente do Proantar acompanhou a retirada do grupo. Em Pelotas, ele relatou que das 59 pessoas que estavam na base, 45 retornaram e 12, todos militares da Marinha, ficaram para os trabalhos de rescaldo. Ele disse que as causas do incêndio ainda não são claras, mas um inquérito policial militar deve apurar as causas, até porque ocorreram duas mortes.

Ele destacou o apoio do pessoal das estações chilena, argentina e polonesa. “Dois médicos, um russo e um chileno prestaram os primeiros atendimentos ao pessoal da base”. No avião, um dos militares apresentava ferimentos nas mãos e seria transferido para o Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, especializado em queimados, diz. “Ele já havia recebido atendimento nas bases polonesa e chilena e posteriormente em Punta Arenas”, disse. Às 23 de domingo, um avião deveria partir do Rio de Janeiro, para buscar os corpos dos dois militares.


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