Avião da FAB está em Punta Arenas para resgatar brasileiros

Avião da FAB está em Punta Arenas para resgatar brasileiros

Incêndio na Estação Comandante Ferraz deixou dois mortos e expõe crise do programa brasileiro

AE e Agência Brasil

A chegada dos brasileiros a Punta Arenas

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A Força Aérea Brasileira (FAB) informou, no final da manhã deste domingo, que um avião Hércules C-130 está na cidade de Punta Arenas, no Sul do Chile, à espera do desembaraço diplomático para transportar os militares e pesquisadores brasileiros retirados da Estação Comandante Ferraz, na Antártica, incendiada nesse sábado.

O incêndio, que começou na “praça de máquinas”, provocou a morte de dois militares da Marinha, além de deixar outro militar ferido. O resgate dos que estavam no local foi feito imediatamente, com a ajuda de um avião argentino, e todos foram levados para a cidade de Punta Arenas, de onde viajarão para o Brasil.

Não havia, até o meio-dia deste domingo, definição do horário de saída do avião, que irá de Punta Arenas para o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. A previsão de duração do voo é de sete horas.

Crise do programa

O incêndio pode ter sido um acidente, mas é simbólico de uma crise no Programa Antártico Brasileiro (Proantar), diz Jefferson Simões, diretor do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, maior referência da ciência brasileira na Antártida.

Outros sintomas, diz ele, são o fato de o Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel – essencial às operações no continente gelado – estar quebrado há quase dois meses, no porto de Punta Arenas (Chile), e a barca cheia de combustível que afundou perto da base em dezembro, conforme noticiado ontem pelo Estado. "Tudo isso ocorre num momento crítico do Proantar, em que estamos justamente fazendo uma reanálise estratégica de todo o programa", disse Simões.

O número de pessoas na estação (60 no total) é uma questão preocupante, segundo Simões. O número máximo, segundo ele, deveria ser 40. "Quando você começa a colocar muita gente, começa a estressar o sistema. É algo que vai passar pelo crivo da nossa avaliação, e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) está ciente disso." As condições de manutenção da base, segundo Simões, eram satisfatórias, "mas estão muito longe do ideal".

Um problema crônico da atuação do Brasil na Antártida, segundo ele, é a falta de estabilidade orçamentária do Proantar. O montante, segundo Simões, oscila entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões por ano. O relatório de avaliação deve ser concluído em março ou abril e entregue ao MCTI. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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