Bicicletas driblam falta de peças e aumentam vendas na pandemia
Lojas comercializaram 50% mais em 2020, em relação a 2019; primeiro semestre de 2021 superou em 34% o do ano passado
publicidade
Bicicletas na contramão costumam ser explicações para más notícias. Dessa vez, não é o caso. Enquanto indústrias e serviços de todos os tipos fechavam as portas e lamentavam as restrições impostas pela pandemia de covid-19 no Brasil, o setor dos veículos de duas rodas viu os lucros aumentarem.
Em comparação com os primeiros seis meses do ano passado, o primeiro semestre de 2021 mostrou uma alta de 34,17% nas vendas, segundo o monitoramento da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), que ouviu 180 lojistas de 20 estados.
Não que 2020 tenha sido ruim. Após o fechamento de lojas pelo país, as empresas ficaram sem ter como vender seus produtos entre março e abril, mas logo o público ávido pelas bikes deu um jeito de encontrá-las, por meio do comércio on-line, que se expandiu quase 70% em todos os setores durante a pandemia, ou nos estabelecimentos que começaram a abrir a partir de julho, mês que registrou 118% de aumento nas vendas de bicicletas em relação ao mesmo mês de 2019.
Os empresários fecharam 2020 com faturamento 50% superior ao do ano anterior.
Para os profissionais do segmento, uma das explicações para o sucesso na contramão da economia é que esses veículos ganharam qualidades extras assim que os brasileiros começaram a se trancar em casa com medo do coronavírus.
"A bicicleta se tornou uma espécie de símbolo no combate à pandemia, sendo inclusive indicada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como meio de transporte e de atividade física adequados, já que podem ser utilizadas ao ar livre e sem o contato direto com outras pessoa", diz Daniel Guth, diretor-executivo da Aliança Bike:
A associação ainda não tem dados do segundo semestre deste ano, mas acredita em bons números. "O setor segue otimista com a manutenção da alta demanda, mas existem importantes desafios, ocasionados pelo desabastecimento de componentes e pelo disparo do custo do frete marítimo", afirma Daniel Guth, citando a dificuldade das fábricas em receber peças para montar as bicicletas no país.
A maior parte dos componentes vem da China, de Taiwan e da Indonésia, países que não conseguem atender à demanda mundial porque, como o mundo inteiro, se viram obrigados a adotar protocolos de segurança contra a covid-19 que tiveram impacto negativo na produção.
Empregos
Segundo um levantamento da Aliança Bike, utilizando como referência dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do IBGE, 1.079 brasileiros foram contratados com carteira assinada para fabricar bicicletas e componentes em 2020. No comércio dos veículos, outras 984 pessoas foram empregadas.
Nos dois primeiros meses de 2021, até onde foi a pesquisa, as indústrias contrataram formalmente 301 pessoas, e as lojas, 424.