Bombeiros retomam buscas no alto do Morro da Carioca

Bombeiros retomam buscas no alto do Morro da Carioca

Pelo menos uma menina de 11 anos está desaparecida

Agência Brasil

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Os bombeiros retomaram, por volta das 8h30min desta terça-feira, as buscas por corpos no Morro da Carioca, no centro de Angra dos Reis. Desde sexta-feira, quando fortes chuvas provocaram o deslizamento de um barranco no alto do morro, 21 pessoas foram resgatadas em meio ao barro e a destroços de casas.

Pelo menos uma menina de 11 anos está desaparecida e os bombeiros acreditam que ela possa estar sob os escombros. Duas retroescavadeiras auxiliam o trabalho de resgate no alto do Morro da Carioca.

Escola de Angra abriga 120 pessoas

Cerca de 120 desabrigados pelas fortes chuvas que atingiram Angra dos Reis na última sexta-feira estão alojados em uma escola pública no Morro do Abel, no centro da cidade. O Abel é vizinho ao Morro da Carioca, onde um deslizamento de terra matou pelo menos 21 pessoas no dia da chuva.

Alojados em salas de aula, os desabrigados contam com as doações que estão sendo entregues à prefeitura. Enquanto as crianças brincam no abrigo improvisado, alheias ao desastre que afetou suas vidas, os adultos tentam esquecer os maus momentos que viveram naquela madrugada.

Alguns deles poderão até voltar a suas casas um dia, mas outros não. É o caso de Jucilene Nunes da Costa, de 25 anos, cuja casa onde morava com o marido e dois filhos no Morro da Carioca foi parcialmente afetada pelo deslizamento e será demolida pela Defesa Civil.

“Minha cunhada está correndo atrás do aluguel social, para a gente poder sair daqui. Porque ficar aqui não está adiantando nada. Aqui a gente fica perto do morro. Mas eu não quero ficar mais nesse morro, quero sumir daqui, porque você acha que vai acontecer tudo de novo. A gente não dorme. Eu estou aqui sem dormir”, conta.

Maria da Glória da Silva, de 34 anos, chegou a ser parcialmente soterrada no deslizamento do Morro da Carioca, mas foi resgatada com vida e levada para o abrigo com seu marido, onde tenta se recuperar do trauma. Sua casa também foi condenada pela Defesa Civil e, por enquanto, terá que contar com o apoio do abrigo.

“É uma pena que não posso trazer o meu cachorro para cá, porque sou muito apegada a ele”, diz a sobevivente. No meio da frase, ela se vira à agente da Defesa Civil que cuida do abrigo improvisado, como se pedisse permissão para que o cachorro fique dentro da escola junto com ela, o que é negado.

A Defesa Civil já demoliu cerca de dez casas no Morro da Carioca. De acordo com a prefeitura de Angra dos Reis, um total de 100 residências localizadas em áreas de risco serão demolidas naquele morro. O prefeito Tuca Jordão afirmou que as 100 famílias receberão o aluguel social da prefeitura, no valor máximo de R$ 510.

O prefeito também proibiu na segunda-feira novas construções e até ampliações de casas nos morros da cidade. A medida vale até que a Geo-Rio, empresa de geotecnia da prefeitura do Rio, conclua um estudo feito em Angra a pedido do governo do estado.

O prefeito também decretou estado de calamidade pública no município. O decreto permite que autoridades administrativas envolvidas com ações de defesa civil entrem nas casas a qualquer hora para prestar socorro ou determinar sua evacuação, mesmo sem consentimento do morador. Também fica permitido o uso de propriedade particular em operações para garantir a segurança da população.

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