Botos dão show em Tramandaí e ajudam na pescaria
Animais se adaptaram a cercar cardume e aproveitar ação do homem com as tarrafas
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O ritual de pesca colaborativa e com indivíduos que se reconhecem – na Barra, todos os botos têm nome – é um dos únicos no mundo. Apenas em Laguna fenômeno semelhante se repete. Com a presença do boto, os pescadores conseguem pescar mais já que a água é turva. Os animais ajudam no sustento das famílias. “O boto cerca o cardume e faz um sinal para o pescador jogar a tarrafa. O pescador pega alguns peixes e os que fogem vão para a boca do boto”, explica o biólogo Ignácio Moreno, que estuda desde 1990 a interação entre os pescadores e os botos da Barra.
O grande diferencial em comparação aos botos de outros lugares é que os da Barra têm nome. “A Geraldona está na quarta geração. Ela ensina aos filhotes os sinais que devem emitir aos pescadores”, afirma Moreno. Os animais são reconhecidos pela nadadeira dorsal, uma espécie de impressão digital dos cetáceos. “A da Geraldona é cortada e a do Chiquinho tem uma bolota porque ele teve um acidente”, exemplifica o pesquisador, que sabe o nome de dezenas de botos que habitam o local.
Ele esclarece ainda que as terminologias boto e golfinho referem-se aos mesmos animais. “É como dizer cão ou cachorro”, aponta. Os botos se adaptam à água salgada e à doce, uma característica dos mamíferos, explica o pesquisador. A família que apareceu na Barra, além de ajudar os pescadores, fez sucesso. Muitos turistas aproveitaram para assistir o espetáculo gratuito da natureza, que podia ser conferido da orla de Imbé ou das areias de Tramandaí.