Brasil desiste de sediar evento sobre aquecimento global em 2019

Brasil desiste de sediar evento sobre aquecimento global em 2019

Governo justificou retirada da candidatura por conta de restrições fiscais e orçamentárias

AE e Agência Brasil

Brasil desiste de sediar evento sobre aquecimento global em 2019

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O Brasil anunciou nesta terça-feira, que vai retirar sua candidatura para sediar em 2019 a Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP-25. O Itamaraty alegou como motivo "dificuldades orçamentárias" e o processo de transição de governo. Em janeiro, assume o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), crítico do Acordo de Paris, contra as mudanças climáticas.

Segundo o comunicado do governo, o País "se viu obrigado" a retirar a candidatura por causa das atuais "restrições fiscais e orçamentárias".

Na campanha, Bolsonaro disse que poderia sair do pacto climático por uma questão de "soberania". Segundo ele, o País teria de "pagar um preço caro" para atender às exigências do acordo. Isso motivou reações contrárias de defensores ambientais e entidades do agronegócio, que temem retaliação de importadores nesse cenário. A Conferência do Clima será realizada este ano na Polônia, no mês de dezembro.

De acordo com o texto às Nações Unidas, a retirada da candidatura se deve às "restrições fiscais e orçamentárias" que deverão permanecer no próximo governo. "Tendo em vista as atuais restrições fiscais e orçamentárias, que deverão permanecer no futuro próximo, e o processo de transição para a recém-eleita administração, a ser iniciada em 1º de janeiro de 2019, o governo brasileiro viu-se obrigado a retirar sua oferta de sediar a COP 25."

ONGs

Organizações não-governamentais (ONGs) ligadas às questões ambientais e aos povos indígenas lamentaram a retirada da candidatura do Brasil. Em nota, o Observatório do Clima alertou que ao retirar a candidatura para sediar a COP-25, o Brasil poderá perder o papel de protagonista nas discussões climáticas. "Com o abandono da liderança internacional nessa área, vão-se embora também oportunidades de negócios, investimentos e geração de empregos", alerta o Observatório.

Esta semana autoridades da cidade de Foz do Iguaçu e o governador eleito do Paraná, Ratinho Junior, enviaram para Brasília um ofício em defesa da realização da próxima COP-25 no Paraná. Segundo o documento, o evento poderia movimentar R$ 400 milhões e a circulação de cerca de 35 mil pessoas.

A ambientalista e ativista Natalie Unterstell embarca para Polônia para participar da COP-24, de 8 a 15 de dezembro. Segundo ela, sua expectativa que a decisão tomada seja revertida. A brasileira é uma das embaixadoras globais do programa Homeward Bound, que promove a participação das mulheres na ciência e na política.

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