Buscar submersível perto do Titanic é "como ir ao espaço"

Buscar submersível perto do Titanic é "como ir ao espaço"

Equipes internacionais trabalham contra o tempo para localizar a embarcação com cinco pessoas

AFP

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As equipes de resgate que buscam o pequeno submersível que desapareceu no Oceano Atlântico quando se dirigia para os destroços do Titanic enfrentam uma tarefa gigantesca que colocará à prova os limites do conhecimento técnico, afirmam especialistas. Equipes internacionais trabalham contra o tempo para localizar a embarcação com cinco pessoas antes que acabe o oxigênio em menos de dois dias.

Mas varrer uma área oceânica de 20.000 km² com profundidades de aproximadamente quatro quilômetros não será fácil.

"Está muito escuro lá embaixo. Faz muito frio. O leito marinho é lamacento e ondulado. Você não consegue ver sua mão diante de seu rosto", disse Tim Maltin, especialista sobre o Titanic, em declarações ao canal NBC News Now. "Realmente, se assemelha um pouco a ser um astronauta em uma missão rumo ao espaço".

A OceanGate Expeditions, empresa responsável pelo submersível Titan, cobra 250.000 dólares (aproximadamente R$ 1,2 milhão) por um lugar em suas excursões ao local do famoso naufrágio.

A embarcação levava a bordo três turistas quando desapareceu no domingo: o bilionário britânico Hamish Harding, o empresário paquistanês Shahzada Dawood e seu filho Suleman.

Também estão a bordo Stockton Rush, diretor-executivo da companhia, e o operador de submarinos francês Paul-Henri Nargeolet, apelidado de "Senhor Titanic" por suas expedições frequentes aos destroços do navio.

Nesta terça-feira (20), Jamie Frederick, capitão da Guarda Costeira americana, informou aos meios de comunicação que a agência está coordenando a missão de busca e resgate.

Mas acrescentou que é uma tarefa incrivelmente difícil, uma operação muito mais ambiciosa do que a Guarda Costeira costuma fazer.

"O serviço de Guarda Costeira dos Estados Unidos assumiu o papel de coordenar a missão de busca e resgate, mas não temos a experiência necessária nem o equipamento em uma operação desta magnitude", disse.

"É um esforço complexo de busca que requer o trabalho de múltiplas agências com experiência na área e equipamento especializado".

Explicou que os resgatistas estavam usando diversos métodos na medida em que realizam um pente-fino na vasta área em busca de Titan, de 6,5 metros de comprimento, que perdeu contato com seu navio-mãe horas depois de submergir nas imediações do lugar onde estão os destroços do Titanic.

"Os esforços de busca se concentram tanto na superfície, com aviões C-130 que buscam a simples vista e com radar, como na subsuperfície, com aviões P3, dos quais podemos lançar e monitorar boias-sonar", disse Frederick.

Até agora, os esforços não deram resultados.

As buscas foram reforçadas nesta terça por um enorme navio que conta com um veículo operado por controle remoto (ROV) que esperavam lançar na última posição conhecida do Titan.

O pesquisador Jules Jaffe, que fez parte da equipe que desenvolveu o sistema ótico usado para encontrar o Titanic em 1985, disse que os resgatistas deverão buscar em três lugares.

"[O Titan] está no leito marinho, em algum lugar da coluna d'água ou na superfície", disse ele à emissora ABC10 em San Diego, Califórnia.

"Poderia estar na coluna d'água. Acredito que seja o mais provável."

"Para encontrá-lo, é preciso usar o tipo de sonar que usamos para mapear o leito marinho", que, segundo ele, mostraria a embarcação como um reflexo brilhante.

Jamie Pringle, professor de ciências geográficas forenses na Universidade de Keele, no Reino Unido, disse que, se o submersível tiver se assentado no fundo do oceano, será muito difícil detectá-lo.

"O fundo do oceano não é plano, há um montão de colinas e cânions", disse Pringle à NBC.

A enorme pressão a 4.000 metros de profundidade, cerca de 400 vezes maior do que na superfície, também dificulta o desafio nesta complicada paisagem marinha.

Uma pressão de tal magnitude exerce enorme força no equipamento, e não há muitas embarcações de fabricação humana que possam suportar essas profundidades.

Os submarinos nucleares, como os utilizados por forças militares, geralmente operam a 300 metros de profundidade, de acordo com o Instituto Oceanográfico Woods Hole.


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