Câmara recebe relatório que mostra água do Rio Doce imprópria para consumo

Câmara recebe relatório que mostra água do Rio Doce imprópria para consumo

Expedição em dezembro detectou índice de qualidade da água péssimo em 16 de 18 pontos analisados

Agência Brasil

Expedição em dezembro detectou índice de qualidade da água péssimo em 16 de 18 pontos analisados

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A Frente Parlamentar do Meio Ambiente da Câmara dos Deputados recebeu, nesta quarta-feira, um laudo técnico que mostra que a água do Rio Doce e de seus afluentes está imprópria para consumo humano e de animais. O material foi elaborado pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com universidades e organizações da sociedade civil.

Para analisar o impacto ambiental no rio, uma expedição foi feita no período de 6 a 12 de dezembro de 2015 percorrendo os municípios afetados pelo rompimento da barragem na cidade de Mariana (MG). Foram coletadas 29 amostras de lama e água para análise em laboratório ao longo de 29 municípios. Dos 18 pontos analisados em campo, 16 apresentaram o IQA (Índice de Qualidade da Água) péssimo e dois regular.

No dia 5 de novembro do ano passado, o rompimento da Barragem de Fundão derramou 32 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos de mineração no Rio Doce em Mariana (MG). O episódio causou a morte de 17 pessoas, prejudicou municípios em Minas Gerais e no Espírito Santo e continua causando impactos ambientais graves no rio e no oceano.

Metais pesados


Segundo a coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, a expedição constatou que a condição ambiental do Rio Doce é péssima em 650 quilômetros de rios. “A lama e o rejeito de minério trouxeram uma quantidade de metais pesados que já existiam na bacia do rio, mas em parâmetros aceitáveis, mas, a partir do acidente, essas quantidades aumentaram em até 5 mil vezes e isso que torna a água bruta impropria para uso em toda a bacia”, disse.

A coordenadora lembrou que em várias localidades a população se sente insegura com as informações repassadas sobre o uso da água. “Nesses locais as águas ficaram indisponíveis para usos múltiplos com base no que estabelece a legislação vigente”, disse. “A população diz que está insegura com as informações”.

O estudo aponta que a turbidez e o total de sólidos em suspensão estão em concentrações muito acima do que estabelece a legislação. Ela variou de 5.150 NTU (Nephelometric Turbidity Unit, unidade matemática utilizada na medição da turbidez) na região de Bento Rodrigues e Barra Longa, a 1.220 NTU em Ipatinga (MG), aumentando gradativamente na região da foz, em Regência (ES). “O máximo aceitável deveria ser 40 NTU”, diz Malu.

Durante a sua exposição, Malu lembrou que o Rio Doce apresentava uma condição precária antes do rompimento da barragem de rejeito de minério, mas que a situação se agravou severamente, após o rompimento e com a chegada das chuvas que arrastam mais lama para o leito do rio.

“Em alguns trechos, o leito não tinha mais que 40 centímetros de profundidade. Muitos desses lugares a população usava canoas para se deslocar e isso não é mais possível”, afirmou. “Agora com as chuvas, mais sedimentos estão sendo carregados novamente para o leito do rio”.


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