Células de morcegos possuem barreiras contra infecção pelo coronavírus

Células de morcegos possuem barreiras contra infecção pelo coronavírus

Descobrir como o vírus da Covid-19 se comporta nesses animais pode ajudar no desenvolvimento de terapias no futuro

R7

Em estudo com 1.066 morcegos em cavernas do Gabão, 18 apresentaram 7 variações do vírus, sendo que cinco já conhecidos pelo homem

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As células dos morcegos possuem barreiras moleculares específicas que previnem a infecção por coronavírus, de acordo com um estudo internacional publicado na revista científica Journal of Virology, da Sociedade Americana de Microbiologia.

A comunidade científica descobriu há algum tempo a grande resistência de algumas espécies de morcegos à infecção viral por coronavírus, razão pela qual são a peça-chave de muitos estudos epidemiológicos e imunológicos internacionais, informa a Universidade de Barcelona, ​​​​que participou da pesquisa.

O estudo foi realizado com células primárias de diferentes espécies de morcegos que circulam na Europa e na Ásia por meio de pequenas biópsias nas asas desses animais.

A pesquisa foi liderada por vários especialistas internacionais, incluindo o professor da Universidade de Barcelona Jordi Serra-Cobo, especialista em estudos com morcegos como reservatórios naturais de agentes infecciosos, como os coronavírus.

Segundo Serra-Cobo, os resultados do estudo revelam que “nenhuma célula foi permissiva à Covid-19, nem mesmo aquelas que expressavam níveis significativos de uma enzima que serve como receptor viral em muitos mamíferos”.

“As células de uma espécie de morcego onde foi encontrado o vírus BANAL-52 – um potencial ancestral do Sars-CoV-2 que tem 96,8% de semelhanças com o coronavírus conhecido – também não permitiram a infecção”, explicou o professor.

O sistema imunológico desses mamíferos voadores está sempre em pré-alerta, condição que lhes permite responder mais rapidamente a infecções virais, mas que na maioria dos mamíferos causaria sérios problemas de inflamação.

Numa perspetiva global, este estudo contribui para uma melhor compreensão dos mecanismos utilizados para combater as infeções virais e para investigar a relação evolutiva entre morcegos e a Covid-19.

“O estudo das adaptações evolutivas dos seres vivos para lidar com infecções virais é de grande interesse, pois fornece informações que podem ter aplicações médicas”, conclui o biólogo Serra-Cobo.


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