Césare Battisti lança livro e participa de encontro familiar no Interior do Estado

Césare Battisti lança livro e participa de encontro familiar no Interior do Estado

Ex-ativista italiano dividiu opiniões no município de Progresso neste sábado

Deoli Graff / Correio do Povo

Ex-ativista esteve em Progresso neste sábado

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A cidade de Progresso, no Vale do Taquari, com pouco mais de 6.500 viveu um dia diferente sábado. A presença do ex-ativista italiano Cesare Battisti, agitou a população. Ele participou do Encontro da Família Battisti, nas dependências do CTG Sinuelo da Amizade, e aproveitou a ocasião para promover o lançamento do seu último livro, “Ao Pé do Muro”. Esta é a terceira obra de uma trilogia de ficção baseada em histórias que ouviu na cadeia durante o tempo em que esteve preso no Brasil. Cerca de 150 pessoas participaram da recepção. Ainda neste sábado, ele voltou para São Paulo, onde reside.

Além dos Battistis de Progresso e região do Vale do Taquari, outros vieram de municípios dos estados de São Paulo, Santa Catarina e Goiás. De acordo com o secretário de Educação e Cultura e organizador do evento, Raênio Battisti, em torno de mil pessoas no município de Progresso têm ligações com a família Battisti. “Progresso tem a maior concentração de pessoas com este sobrenome no Estado e acredito que Cesare seja nosso parente”, afirmou.

Antes de um almoço promovido no evento, Battisti autografou dezenas de exemplares de seu livro. Com algumas pessoas, conversou individualmente, além de vestir uma pilcha gaúcha e posar para fotografias em frente à igreja matriz e em estabelecimentos comerciais no centro da cidade.

Visita de italiano gerou ameaça de bomba


Mesmo com toda a receptividade, a visita do ex- ativista não foi unanimidade. “Na noite anterior recebemos telefonemas com ameaças de bomba no local do evento. Ficamos um pouco preocupados, mas respondemos que bomba por aqui, só ser for de chimarrão”, divertiu-se o proprietário da Fazenda Sinuelo, propriedade onde está situado o CTG do mesmo nome, Getúlio Scheeren. Ele prometeu registrar o fato à polícia na segunda-feira.

A coordenadora da organização dos encontros da família Battisti, que ocorre anualmente, a professora Leida Battisti discorda do evento. “Temos que ser cautelosos em relação ao assunto e não gostaria que esta visita interferisse nos próximos encontros, pois existem aquelas pessoas, entre as quais me incluo, de que não concordam com este tipo de homenagem, basta obter informações sobre a história real que envolve esta pessoa”, declarou.

“Quem me condenou foi a grande mídia”


Alheio aos inconvenientes que sua visita causou, Césare Battisti disse que estava sentindo-se como estivesse em seu país natal outra vez. “Meus bisavós são da região de Trentino, de onde os Battisti vieram para o Brasil. Aqui em Progresso junto a tantas pessoas com este sobrenome, sinto-me em casa novamente. É um retorno ao passado”, discursou.

Na ocasião, ele relatou sua vida na roça até os 16 anos: “Nasci numa família de comunistas e senti a descriminação da sociedade, pois o padre não falava conosco, em sala de aula sentávamos nos últimos bancos e éramos vistos como os comedores de criancinhas”.

Sobre as acusações de assassinatos a ele imputadas lembrou que nunca recebeu condenação por isso, apesar de a Itália ter solicitado a sua extradição, cujo pedido foi negado no ano passado pelo Superior Tribunal Federal. “Quem me condenou foi a grande mídia a serviço de interesses diversos. Da justiça nunca recebi qualquer comunicado sobre estes crimes”, defendeu-se. Também relatou momentos passados na prisão. “Não importa o crime, seja homicídio, tráfico de drogas ou furto de galinhas, todos se tratam iguais e foi ali que recebi apoio para escrever minhas obras.”

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