Caminhada de municipários tem tentativa de entrega de relho a secretário

Caminhada de municipários tem tentativa de entrega de relho a secretário

Servidores afirmaram que instrumento seria uma espécie de prêmio a Erno Harzheim

Henrique Massaro

Caminhada de municipários tem tentativa de entrega de relho a secretário

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Em greve que completa dez dias nesta sexta-feira, os servidores municipais de Porto Alegre realizaram mais uma manifestação ontem pelas ruas da cidade. Desta vez, o ato foi concentrado na Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e seguido de uma caminhada até o Hospital de Pronto Socorro (HPS).

Depois da ocupação no Paço Municipal, que durou cerca de dez horas e meia na terça-feira passada, o maior objetivo da categoria continua sendo conseguir uma reunião com o prefeito Nelson Marchezan Júnior ou algum representante para poder tratar das demandas que levaram à paralisação.

Organizada pelo Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), a mobilização em frente a sede da Saúde municipal começou por volta de 9h. Apesar da chuva, os servidores se fizeram presente no local, munidos de carro de som. Por volta de 11h, os servidores chegaram a entrar no prédio, onde tentaram acessar o gabinete do secretário Erno Herzheim, que, no entanto, não estava no local.

O objetivo era entregar-lhe um relho, que, segundo os manifestantes, é o seu instrumento de trabalho.  A entrada na SMS gerou novas discordâncias entre prefeitura e categoria. Em nota oficial, o Executivo repudiou o que chamou de “atos de barbárie”. Segundo a administração, que intitulou os manifestantes como “invasores”, as portas das salas do quarto andar, onde estão localizados os gabinetes do secretário e de secretário adjunto, foram forçadas.

“O ato trouxe transtornos a quem estava buscando encaminhamentos para serviços de saúde no local e provocou apreensão aos servidores que desempenhavam suas funções”, diz a nota.  Em seu Twitter pessoal, o prefeito também criticou o ato e o comparou à ocupação do Paço Municipal. “Após os crimes cometidos na invasão da Prefeitura, sindicalistas dos partidos de oposição cometem os mesmos crimes na Secretaria Municipal da Saúde.

Selvagens, como disse o colega servidor agredido pelos criminosos”, disse, ao se referir ao Guarda Municipal, Ivan Marques de Oliveira, que disse ter sido golpeado por municipários durante a mobilização na sede do Executivo. Ao ser criticado, o Simpa também se manifestou, repudiando a nota do Executivo. “Prefeitura distribui informação mentirosa de que os servidores ocuparam a SMS. A imprensa que estava no local pôde comprovar que foi apenas um grupo que subiu ao gabinete do secretário para tentar entregar, de forma simbólica, um troféu assediador (relho). A atividade não durou cinco minutos”, informou o Sindicato por meio de sua assessoria de imprensa.

De fato, logo em seguida à tentativa de acesso ao gabinete de Harzheim, os servidores partiram em caminhada pelas ruas da cidade em direção ao HPS. A atividade também foi alvo de críticas da nota da prefeitura, que disse que foram provocados transtornos no trânsito, principalmente nos acessos ao Pronto socorro, o que dificultou que dezenas de pessoas fossem atendidas. “A demora no pronto atendimento, eventualmente, poderá gerar alguma sequela nos pacientes que tiveram problemas na entrada do HPS”, declarou. 





A afirmação foi novamente rejeitada pelo Simpa, que disse que a categoria permaneceu do lado de fora do Hospital, na presença da Guarda Municipal, e que os atendimentos foram mantidos. "O prefeito está largando uma série de fakenews para marginalizar a greve legítima e pacífica dos servidores”, informou. O diretor-geral do Simpa, Alberto Terres, explicou que o objetivo do ato de ontem decidido em assembleia na terça-feira, era promover uma defesa ao Sistema Único de Saúde (SMS), que, na visão dos municipários, está sendo sucateado nessa gestão.

“Falta investimento, inclusive em recursos humanos. Só no HPS, temos um deficit de 200 servidores para atender a população”, disse, citando também a existência uma sala de traumatologia com 27 leitos fechados e uma estrutura de raio-x que não está sendo utilizada. De acordo com Terres, a categoria seguirá tentando uma reunião com o prefeito. Após as negativas de Marchezan sobre uma possibilidade de se sentar com os sindicalistas, o Simpa pretende criar uma comissão de autoridades, formada por ex-prefeitos, artistas e outras personalidades, que busquem conseguir um acesso ao chefe do Executivo. 


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