Camisetas com pezinhos de prematuros marcam atividade alusiva ao Mês de Prematuridade

Camisetas com pezinhos de prematuros marcam atividade alusiva ao Mês de Prematuridade

Ação da Santa Casa buscou passar mensagem de otimismo às famílias com recém-nascidos internados

Christian Bueller

Mamães e papais receberam camisetinhas roxas, cor que simboliza a prematuridade

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Se uma gravidez comum já traz preocupações aos pais, imagine quando a criança vem antes da hora? O ciclo completo de uma gestação dura cerca de 40 semanas e o bebê que nasce com menos de 37 é considerado prematuro. Estes pequenos são mais propensos a doenças graves ou morte antes mesmo do parto. Por isso, o cuidado e a atenção, ainda mais redobrados, instigaram a criação do Dia Mundial da Prematuridade, dia 17 de novembro. Para marcar a data, a UTI Neonatal do Hospital Santa Casa de Porto Alegre desenvolve uma iniciativa para passar uma mensagem de otimismo às famílias com recém-nascidos internados.

Mamães e papais de mais de 20 crianças receberam camisetinhas roxas – cor que simboliza a prematuridade -, personalizadas com o “carimbo” dos pezinhos dos seus filhos. A entrega ocorreu nesta sexta-feira em encontro regado de emoção. A ideia foi da enfermeira do setor, Cássia Castilho, há quatro anos. “Era uma forma de homenagear esses pais em um momento tão delicado”, relembra. A ideia se tornou tradição no hospital e, pelo segundo ano consecutivo, a confecção das peças, totalmente artesanal, fica a cargo da mãe da supervisora de Enfermagem, Ana Paula Gubert. “Ela nem trabalha com isso, na primeira vez, até teve dificuldade. Agora, está craque”, brinca. Feitas com tecido viscose, as minicamisetas têm um coração costurado, onde uma espécie de tatuagem dos pés dos bebês servem como estampa. “É legal porque as mães levam como lembranças. Algumas até colocam em um quadro, outras reformam as peças para as crianças usarem”, diz Ana Paula.

Vindos do município de Bagé, o casal Ana Caroline e Leandro escolheram a Santa Casa para o nascimento dos quadrigêmeos Lauren, Larissa, Lavínia e Heitor. Nasceram em 27 de outubro, pesando entre 1,1 kg e 1,35 kg, mas todos saudáveis. “Logo na primeira ecografia, vimos que seriam quatro. Foi um susto”, lembra a mãe. A farmacêutica e o operador de usina termoelétrica vieram de “caravana” para Porto Alegre, como explica Leandro. “Ela ficou direto no hospital. Eu que ia embora uns dias para trabalhar e vinha outros para acompanhá-la. O quartinho dos filhos já está pronto para recebê-los”, relata o pai, que sorri ao dizer que não tem planos para novos filhos daqui por diante.

Ana Caroline e Leandro tiveram quadrigêmeos: Lauren, Larissa, Lavínia e Heitor. Foto: Guilherme Testa

Mesmo com 37 de atuação na Santa Casa, o chefe da neonatologia, médico Marco Antonio Reichelt, não conseguia disfarçar a emoção com a atividade. “Não basta só tecnologia em um hospital, é preciso ter carinho, acolhimento e envolvimento da equipe. Criamos vínculo com as crianças, há mães que as trazem como gratidão”, recorda. Ao se dirigir às mães e pais, Reichelt referiu o objetivo de fazer do setor neonatal a extensão da casa deles. “A presença dos pais na UTI é remédio. Cura!”, ressaltou.

Segundo o médico, uma gestação bem planejada pode ser um fator determinante na prevenção da prematuridade. “A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza um mínimo de quatro consultas durante o pré-natal. Nossa maternidade é referência para pacientes de alto risco. Temos, inclusive, um excelente banco de leite”, informa Reichelt. Na Santa Casa, 8% a 10% dos bebês nascem prematuros.

Porto Alegre possui uma taxa de prematuridade de 12,6% acima da média do Brasil e do Rio Grande do Sul. O nascimento de bebês prematuros no país corresponde a 12,4% – o índice é o dobro dos países da Europa – e no Estado chega a 12%. Nascem no país um total de 931 prematuros por dia, o equivalente a 40 por hora, de acordo com o Ministério da Saúde.


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