Caos na saúde atinge rede privada de Porto Alegre

Caos na saúde atinge rede privada de Porto Alegre

Principais emergências chegam a ter 5 horas de espera para o primeiro atendimento

Correio do Povo

Principais emergências chegam a ter 5 horas de espera para o primeiro atendimento

publicidade

As principais emergências dos hospitais porto-alegrenses revelam o mal da superlotação. Não bastasse o problema registrado nas unidades públicas, o caos avança sobre a rede privada. Pacientes conveniados ou com planos privados sentem de perto a dramática situação vivida diariamente pelos que recorrem ao SUS para receber o atendimento. Reuniões periódicas entre autoridades da saúde e o Ministério Público nos últimos anos não foram capazes de solucionar um problema recorrente e com tendência de piorar, uma vez que começa a afetar as unidades particulares.

A equipe do Correio do Povo percorreu alguns hospitais privados na Capital e registrou a situação preocupante. Pacientes que chegam às emergências e têm de aguardar por 1 hora até 5 horas antes de receber o primeiro atendimento e quando o contato ocorre, a resposta é de que não há vagas, sinal evidente do esgotamento da rede. A peregrinação por outra unidade é a alternativa e o drama das famílias aumenta.

Renan Felipe Parizotti passou por essa situação nessa quarta-feira, quando precisou levar a avó da namorada para o atendimento em uma emergência. Recorreu ao Complexo Hospitalar da Santa Casa, mas, por volta das 7h15min, recebeu a informação de que a emergência estava lotada e precisaria procurar outro hospital. Depois de um tempo de espera no Hospital Mãe de Deus (HMD) finalmente conseguiu encaminhar a avó. "Mesmo com plano de saúde passamos por esse sufoco todo, imagina se tivéssemos de recorrer à rede pública", salientou. A situação mais delicada é de uma senhora de 70 anos que, desde segunda-feira, está com o marido, 78 anos, internado na emergência do HMD. Por falta de leito, ele não tem como ser transferido para o quarto. Resta à aposentada aguardar na recepção e visitá-lo nos horários liberados pela unidade. O casal paga, mensalmente, por um plano de saúde de valor expressivo, segundo a aposentada, que prefere o anonimato, e, quando precisa, não recebe atendimento adequado.

O hospital reconhece que a emergência está funcionando quase com a capacidade máxima, mas destaca que muitos pacientes procuram o local sem a necessidade do atendimento de emergência das unidades localizadas na rua José de Alencar e Soledade, na Capital. Nos dois complexos, o movimento é intenso e o tempo médio de espera é de 1h e meia, no hospital do bairro Menino Deus, e de até 5h, no Mãe de Deus Center.

Já no Hospital Dom Vicente Scherer, do Complexo da Santa Casa, a situação crítica fez a direção restringir o atendimento na emergência de convênios, na última quarta-feira. O motivo é a superlotação, já que havia 20 pessoas na unidade que tem capacidade para atender dez. Só eram aceitos pacientes em estado grave. No Hospital Santa Clara, que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS), eram atendidos 27 pacientes em um espaço para 12.

No Hospital de Clínicas, estavam 125 pessoas - quase o triplo da capacidade do local, que é de 49 leitos. No Hospital da PUC, estavam em atendimento 40 pacientes na emergência adulto, que tem 15 vagas e, no Conceição, o atendimento também superou em até duas vezes a capacidade da emergência. São 145 pacientes no local com 50 leitos.

Bookmark and Share

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895